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Rio, RJ, Brazil
Moribundo SUBurbano. Estereotipado: bandido, maconheiro e marginal. Escritor, poeta e, portanto, miserável.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Liberdade, mulher e relacionamento...

Antes de ler o texto, saiba de algumas coisas:
Primeira: a arte imita a vida, por mais medíocre que seja a arte e/ou a vida.
Segunda: de acordo com a primeira, todos os meus textos fazem referência ao que vi, vivi, ouvi e li.
Terceira: Sou um escritor. A principal regra dessa profissão é a seguinte: Liberdade poética. Nasce o texto, morre o autor. pense nisso!
Quarta e última: Foda-se a norma culta.

Segue mais um texto.


Desconcertada, prometi nunca mais passar por aquele local. Desço do ônibus, e uma quadra me separa do banho e da cama. Sigo devagar, à passos cansados, cabeça baixa, olhos mirando a ponta dos pés... Tanto tempo. Não lembro a última vez que deixei de olhar para baixo, com a cabeça baixa, tentando simbolizar humildade, da mesma forma que outras mulheres fazem, usando sandálias rasteiras.
Como poderia deixá-lo, se ainda o amava?As ruas, os bares, as calçadas que sabia: tinham sido pisadas por ele, lembravam-me o relacionamento. Lembro que agia de forma a odiá-lo, sempre... Sempre que brigávamos, a raiva me detinha, não deixava que eu o abraçasse, voltasse atrás... Pensava sempre no que ele tinha me feito, aliás, nas coisas que ele tinha me feito, e não eram poucas. Meu namorado há um ano, e histórias de traição brotavam das entre linhas do discurso dele, além de me inferiorizar. Queria que eu entrasse numa faculdade, mas não qualquer, queria uma pública. E no auge dos meus estudos, ele dizia que me largaria para ficar com outra, da faculdade dele, uma das melhores do Brasil.
Foi dentro desse contexto que permaneci uns dois anos. Se dissesse que não o amava, ou que pelo menos o amava menos pelo que ele me fazia, estaria mentindo. Então preferia ter raiva, preferia lembrar tudo que tinha me feito e me concentrar nas piores coisas, sem dar chance de defesa. A primeira tentativa de separação não durou um dia sequer. Tive a impressão de que ele, ao perceber minha atitude vanguardista, sentiu-se nada bem. Pela primeira vez: abalei seu castelo nunca antes abalado.
Minha vida continuava a mesma. Passando pelos mesmos locais, vendo as mesmas pessoas, poucos amigos e insatisfeita, física e psicologicamente. O homem quando é maduro, antes de procurar satisfazer-se, satisfaz sua mulher, como se sua satisfação, seu prazer, fosse oferecer o máximo de prazer a mulher amada.
O mesmo trajeto, de segunda a sexta o ano todo. Minhas relações no trabalho iam nada bem, até o dia em que meu patrão mudou-me de sessão, aumentando meu salário e conseqüentemente, minha hierarquia dentro da empresa. Como era de se esperar, meu namorado não demonstrou felicidade, mas também não fez a cara que sempre fazia, de reprovação. Tenho pra mim que a pior coisa é a imparcialidade, principalmente em um relacionamento. A verdade é que eu não liguei muito, não dei tanta atenção ao desfeito que ele me fez, aliás, que ele sempre fazia quando eu falava do trabalho. Mudei de ônibus mas não de trajeto, e no meio do caminho, aquele cuja importância nada significava pra mim, peguei-me olhando o céu, as nuvens, e não pensando na cama, ou no banho. Não lembro o que pensava, mas sentia uma sensação de liberdade.
Foi ai que percebi: homem e liberdade são palavras distintas, que quando combinadas, a primeira, sempre tenta impor-se sobre a segunda, saindo vitoriosa ou não, causa um estrago, para sempre, ou temporariamente...

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Ambiguidade, Contradição, Paradoxo...

Já tive medo de me apaixonar e já tive medo de não me apaixonar. Me apaixonei sem querer, nunca desamei alguém por vontade própria, e acho deveras impossível que isso aconteça. Passei três meses tentando amar alguém que merecia todo amor do mundo. Não me apaixonei. Nunca amaria uma mulher daquelas, nunca!

Tão reprimidas, e poucos vêem isso, poucos se importam com isso. Mulheres que permanecem doze anos casadas, sem nunca terem saído com as amigas, nunca terem ficado bêbedas sem a presença do marido. Por essas eu não me apaixono, essas sim, que eu gostaria de amar e me apaixonar, embora acredite que as mulheres devam ser independentes, contudo, são essas, independentes, que me deixam com medo, sem vontade de amar.

O problema não é comigo e nunca será, o problema nunca é de ninguém, não é do papa, não é do Bush, o coletivo é problemático, é meu é seu é de todos. Repele-se a culpa culpando todos, permanecemos no limbo, sem raiva suficiente para mudar a nós mesmo. Tenho medo é de amar, têm-se medo é de amar. Diz-se, geralmente, que o medo é de amar e não ser amado. Sabe qual é o medo? De amar e não ter a pessoa do seu lado sempre!

Acho que a experiência de vida deixa a gente assim, doente, problemático. Tanto caso de traição e declaração de amor, que já não acreditamos em nada:

“Ah... Se eu pudesse

Nascer de novo,

Quisera eu nascer

Num quilombo novo.

Me entorpecer ao meio dia,

Me drogar o tempo todo.

Não ter ideais.

Me preocupar apenas com pouco.

Covarde nunca seria,

Consciência de erro:

Nunca teria.

Ambicionaria o nada...

Seria feliz com o nada que possuiria,

E com o nada que equivaleria.”

Queria mesmo é fazer faculdade de Design, nascer numa família com dinheiro e não precisar estudar, pensar... Os filósofos deixam a gente assim, enquanto os poetas tentam minimizar tudo, florear tudo... Preciso deles, do charuto e da bebida, agora...