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Rio, RJ, Brazil
Moribundo SUBurbano. Estereotipado: bandido, maconheiro e marginal. Escritor, poeta e, portanto, miserável.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Pé direito, toc
pé esquerdo
(não faz barulho)
Meio manco
O coração
Vem pesando
Mais que tudo
Que o corpo
Mal amado
Silêncio:
Dito gauche
Vem passando.

Pássaro contente

Numa noite, ao som do esquecimento,
Vem um pássaro contente qualquer,
Pernas passos corpo de mulher,
A ludibriar a cólera,
Libertar-se do que vier.

Pro que der, num passo
Demasiadamente falso
Passando pelo que é fardo
Pisando nas prisões do passado!
Assim vem o pássaro, carente de afago

Cantando em meu ouvido ao ritmo
Do que era pra ser íntimo:
Não quero ter filhos
Também não é de estranhar
Se, de alguma forma,
Não quisesse também casar.

Beijou minha boca como quem
Me havia beijado a alma
E eu, disse: querida, pássaro contente,
Faça o que quiseres,
Por ti, sou todo assim, meio que
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