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Moribundo SUBurbano. Estereotipado: bandido, maconheiro e marginal. Escritor, poeta e, portanto, miserável.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Cotas: Meia entrada

Há um tempo, um pouco mais jovem, e talvez até um pouco mais esperançoso. Acreditava em uma das frases mais famosas sobre jovens e nações: “os jovens são o futuro da nação”. De certo, quase todos já ouviram ou leram essa frase. Talvez, nem todo jovem tenha acreditado nela. Na verdade, não sei se os mais espertos não acreditam, ou se os mais espertos são os que, na verdade, tentam acreditar. Questão de gosto, ou classe... Bom, a questão é que vem se tornando cada vez mais difícil, acreditar em frases como essa aí de cima. E eu nem estou tirando isso da minha cabeça, assim, como em certos momentos de instabilidade emocional, não... Eu comprovo e provo: ou querem que a juventude não seja mais o futuro da nação, ou então, que o futuro desse País seja forjado por jovens que nunca tenham ido a um teatro, casa de show ou até algum evento esportivo.
Acontece que boa parte dos artistas e dos produtores culturais tem-se organizado a fim de reduzir o número de estudantes e idosos, que podem ser beneficiados com a meia-entrada em eventos culturais e esportivos. Esse seguimento, que certamente é contra a democratização dos bens culturais, usa o argumento cujo centro é a emissão de carteirinhas falsificadas e o baixo lucro do setor cultural. Impossível discordar desse argumento?Óbvio. Se querem aplicar cotas de 40% para o total de assentos, afirmando o grande número de pessoas que usam meia-entrada( cerca de 80% do total de cadeiras), por qual motivo não aumentar a fiscalização sobre a emissão de carteirinhas, barrando assim os falsificadores? Parece fácil encontrar uma solução, não?Bom, para mim e você sim. E para os produtores culturais, artistas e senadores relatores? Irrelevante! Nem pautam a centralização da emissão de carteirinhas, deixando transparecer o principal objetivo da regulamentação da meia-entrada, como a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), relatora do projeto, deixou claro em entrevista para a Folha Online: "Não acredito [que a cota restringe o acesso à cultura]. Os espetáculos culturais no país vão continuar e 40% de ingressos irão continuar garantidos para estudantes ou idosos que queiram ir", disse.
Não é por nada não, mas negar o acesso à cultura em detrimento do maior lucro possível já é um pouquinho de sacanagem, ou avareza, se preferir.
Eu faço o que posso, coloco a boa no trombone por que adoro ir ao teatro e ao cinema. Descarto até os jogos de futebol, mas há quem goste.
Eu não quero ter que chegar num show e ser barrado na porta. Enfim, não tenho grana pra pagar cem reais num teatro.