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Rio, RJ, Brazil
Moribundo SUBurbano. Estereotipado: bandido, maconheiro e marginal. Escritor, poeta e, portanto, miserável.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Na cidade do pecado

Ninguém sabia realmente o que tinha acontecido. Alguns, na verdade, até sabiam alguma coisa aqui, outra ali, porém, de uma coisa todos tinham certeza: uma hora eles voltariam.
Era comum terminarem, algumas brigas, algum orgulho. Ponto. Terminado. Um dia, menos de um dia, e lá estavam eles, juntos de novo. Dessa vez foi diferente. Eu, que muita coisa sabia, desconfiava da única certeza que todos tinham. Pra mim eles não voltariam, não nessa situação, não pelo que tinham passado nesses vinte e oito dias separados. Dessa vez ela quem terminara, ele, que sempre findava, porém sempre pedia para voltar, mergulhara no orgulho dela. Nem ele, que sempre fez besteiras, sempre traíra etc. imaginava tanto orgulho da parte dela, difícil, porque qualquer pessoa em sã consciência teria percebido, não era orgulho dela, e sim, orgulho ferido dela.
Quase um mês, e a saudade já não se comporta como antes. Manifestada em desespero, pelo apego e sentimento de posse, agora, ela, pouco a pouco diluída pelas reflexões, geralmente executadas com o objetivo de melhoras, desconstruções de preconceitos, machismos...
Percebi que ele tinha mudado. Sempre fora humilde, sempre abaixava a cabeça quando estava errado, não seria diferente agora, era bom... Vem sentindo saudade, isso é inegável, mas tudo tem sua hora, e o amor-próprio nunca nos abandona para sempre, por mais reflexivo que o ser seja, por mais humilde, com consciência de alguma coisa. Agora sim, a resposta estava aí, em nossa cara: ele fora abandonado. Difícil assumir?Não!
Não sei não, a noite passada foi estranha, pensei que não lembraria muita coisa, mas a luz da noite suportada, parece, vai me acompanhar por algum tempo. Ontem, de vez, provei teorias. Já dizia alguém, não sei, não era da academia: “contra fatos, não há argumentos”, ora, nada mais me afetaria, pronto, o peso da verdade seria inegável. Posso agora falar para todos. Confesso: não entendi muita coisa do que se passou ontem, espero que alguém tenha compreendido. Meu dedão do pé dói, acho que tropecei umas três vezes, no escuro. O degrau, caralho! Quem põe uma merda daquela no caminho?! Melhor que ter metade do beiço arrancado, garota louca, aquela. Acho que só assumi aquele papel porque estava doidão, e não era apenas cerveja...
Entendo pouco dessas coisas de bacanal, Baco, Dionísio, cacete! Parece-me que esse tipo de coisa não se faz... Agora eu vi, presenciei, fazem sim, suruba! “porra, aquele moleque tá de sacanagem, geral querendo comer aquela mulher e ele lá, porra de beijinho, discutindo relação com uma mulher que quer dar para todos? Tu és meu amigo, filho-da-puta, vamos parando com essa porra. Aproximo-me do casal. Olha, vocês não mudam a cena, sei que você gosta de cinema, faz curso e o caralho, próxima cena é minha, posso? Aquela mulher queria era dois homens em cima dela, só pode, percebi quando cheguei ali do lado pra sugerir a próxima cena, pra fazer com que a galera se acalmasse. Pego a mão dele, coloco no peito dela, por cima da camisa, cena um. Ó, quero a próxima cena também, pego a mão dele, abaixo a blusa dela, ta aí, chupa o peito dela, moleque, ele era moleque, achei melhor assim, vamos entender... duas cenas, vai rolar alguma coisa, acabou a ponta?
Aí irmão, tem mais baseado aí? Aí, cumpádi, na rua de trás, dobra a esquerda, o movimento ta ali. Me acompanha, camarada? A gente não conhece porra nenhuma aqui, cara, e aí? Um baseado nosso, só nosso?Demorô!Aí, parceiro, o movimento aqui é tranquilo?Porra, é o 7, é a gente!Sabia, caralho, aí que fudí meu dedo, descendo a escada? Tem gente metendo no carro, moleque, olha essa porra, acho que é a loirinha, ela disse que ia meter o pé, mas quem é o maluco que ta faltando lá em cima? Foda-se, vamos indo...
A gente não conhece ninguém aqui, camarada, somos malucos, porra. Tá tranquilo, vamos indo. Aí, qualquer coisa, porra, tu é do Jardim Novo, ouviu?Jardim novo! Aí moleque, onde é a boca? Fala com os caras aí atrás. Beleza, são os caras alí. Irmão, tem baseado? Não, só do branco, baseado é com os caras alí no topo. Moleque, a gente é maluco, cadê os caras? Escuro pra caralho. Tu é do Jardim novo moleque, Jardim Novo. Beleza, fica tranquilo. Aí, porque os caras ficam separados, porque a boca é separada? Os caras que estão lá em baixo são os que estão quebrados. Tem baseado aí? Se liga, tu falou com quem lá embaixo?O de camisa branca? Nem lembrava que tinha alguém de camisa branca lá, porra e agora? Aí, não sei não, acho que era o de jaqueta do exército, sim, era ele, confirmei. O cara era negro, não vi o rosto. Logo abaixo, mais um, de bicicleta, virou, de costas, parecia querer ir embora. Porra, por qual motivo esse cara demora tanto pra vender, pra descer? Lá de cima, ele, parado não sei quanto tempo, a observar os outros dois lá embaixo, exclama um PORRA, foi o porra mais arrepiante da minha vida, tudo por causa de um baseado? Ele desce, para em nossa frente, quer o quê, de quanto? Maconha de dois, tem? Tem. Beleza. Vamos descendo, caralho, maior ladeira, que dificuldade. Essa demora, esse clima, porra, que isso, ninguém nunca me disse que o esquema era assim, nunca me disseram nada, maior clima pesado, bagulho sinistro. Ainda tem gente no carro, a galera ta metendo pra cacete... De novo, porra, esse degrau de merda... Ai, tamo aí já... porra, vamos juntar nesse aqui, ta pancadão, vai ficar um pancadão... um terceiro vem, se aproxima, aí, como tava o movimento lá? Vocês são malucos, eu fumo, mas não me sujeito a isso não, comprar?Nem to maluco. Nessa hora pensei que tudo que tinha ouvido falar, era a mais absoluta mentira, que o clima é tranqüilo, que a galera vende tranquilamente, e olhe lá, aqui é uma favela pequena, que droga. Os caras estão drogados demais, o dono da casa é maluco, ele tá muito louco, irmão. Lá no bar, àquela hora, tá ligado? Que tu me falou, porra, essa parada não vai dar certo não, olha o maluco, ta foda, eles estão doidões . Foda-se, vamos ver qual vai ser, vai ter mulher, essas mulheres vão também, tranqüilo, vamos lá... O carro está lotado, temos que pedir mais dois táxis, pede aí cara, já ligou para o táxi?Tá demorando pra cacete... Vamos fretar uma Kombi? Vamos? Mas como, não passa Kombi aqui não. Espera está passando uma aqui, faz sinal, faz sinal, caralho, ninguém para pra gente, também, estamos num bar, bebendo há quatro horas, como?Aí, vamos pegar uma Kombi lá na praça?Vamos, eu vou contigo...
Caralho, que merda, vir acompanhando esse cara, logo esse, que discutí há um tempinho, esse safado, vem falar que não mereço ter dread porque não fumo maconha, e ele?é branco, safado, fuma maconha do tráfico, financia a guerra, as mortes, os assaltos, to tranquilo, mas era pra eu ter quebrado ele, mas ia dar merda, ia estragar a festa, os caras iam juntar em mim, mas meus camaradas também estão aqui, íamos sair na porrada, acabaríamos com a festa, evitei, tranqüilo, agora tô aqui, andando ao lado dele, mas que vontade de quebrar ele aqui, ninguém vai ver, volto lá e falo que foi a policia, quebrou ele, tava com maconha, levou umas e a PM ta vindo aí me seguindo, todos meteriam o pé, não daria em nada, o safado nem ia lembrar de nada no dia seguinte, que maconheiro safado. Fala,vamos fretar a Kombi, o quê, onde íamos mesmo?Ele nem lembrava, mas eu sabia, aí, 794, 794... Dez cabeças, vamos pro 77, vamos fretar essa porra, põe geral pra fora. Não daria, tinha fiscal, o motorista era um trabalhador tranquilo, honesto, vem o fiscal, fanho, não pode, não pode, não adianta. Mas nós é do 7, do tráfico lá, vamos embora... Eu, alí, naquele ponto, várias vezes, alí, com minha namorada, namorada não, ex-namorada, pegando um táxi rumo a uma noite de amor, e agora, na mesma Kombi que passava em frente a minha casa, eu, fazendo papel de traficante, que safado esse cara, que bandido, acuando trabalhador. Vamos embora, o cara está trabalhando, saí, saí, mete o pé...vamos pegar um táxi... ai, irmão, não me atrapalha não, deixa eu falar, vamos pro 77, mas tem uma galera ali, uns 6, mais ou menos, vamos pegar a galera ali no bar, beleza? Vamos...tranquilo, onde é? Na doze, vamos... Teu irmão, como está? O safado conhecia o irmão do motorista, irmão-maconheiro, enquanto o motorista, irmão-tranquilo, batalhador, tinha que ouvir isso... Bacanal, o caralho, maconha, vai rolar tudo, vamos? Cacete, ninguém no bar, porra, o táxi da galera chegou, vamos pro 77, devem estar lá, puxa, motorista...caralho, ó eles ai, tão ai eles, pára, pára, vamos galera, partiu, vamos... Não, o M. tá lá com a mulher, não é pra deixar ela lá não, eles vão ficar na pista. Foda-se, vamos B. vamos, D. vem...vem...pega o táxi, a gente tá com o dono do barraco, tá tranquilo, vem...só nós três no táxi? Tá com grana aí, esse safado não vai querer pagar, é certo. Chegamos, é ai, tenho quatro, aí, irmão, quanto dá essa corrida?Diz a ele aí, dizia o motorista pro safado, quanto dá a corrida... É quinze, quinze, D fala, quinze?É muito, é muito, dez, pode ser dez, beleza, tenho quatro, me dá os quatro, dou dez. fechou?Valeu irmão, beleza... Bom trabalho, nessas horas também éramos educados, que merda... Barbarismo de merda que não me atinge...
Na casa dele estava tranquilo, o primeiro baseado, a saída para comprar o segundo, aperta... Aperta direito porra, esse pastelão aí não quero não, beleza?Não vai ser pastelão não...o maluco que apertava parecia saber o que estava fazendo, caralho, esse cara me lembra alguém, ah! O Cuíca, porra, logo o Cuíca, nessa situação eu lembro dele, e pior, encarnado num maluco que nem sei quem é, aqui, dentro dessa favela.Cuíca, matador, matava e contava, cada história de merda. Se fosse um bárbaro como ele, num dia daquele tinha o matado, quantos ele ainda não mataria como matou aquele cara, no dia do casamento. Irmão perdeu... Perdeu... Oitão na cara, pipoco, falhou! Porra! Pelo amor de Deus, irmão, tenho filhos, mulher, o que você quer, te dou, te pago? Primeiro, tua mulher que me mandou aqui, segundo, não quero grana, ela vai me dar, é o teu seguro, terceiro, só quero tua alma agora... Arma de merda... Pelo amor de Deus, cara... Não põe Deus nisso, essa hora o cara ta descansando, a arma não pega, o cara - vítima vem pra cima, por favor, Ó, por favor é o caralho, seja homem, coronhada na cara, várias, aí dá tempo, concerta a arma, e atira, vários na cara, de perto, ele sabia que de perto o sangue espirra, foda-se, eu mando aqui, meu tio manda aqui, é nós... Volta para o casamento, onde, minutos antes, tinha ele pedido minha mãe para guardar o 38 dele, casamento de evangélico, puxa a arma e põe na bolsa de minha mãe, todos vêem, ninguém fala, sabem quem ele é e o que fará naquela noite, um morto, alguma grana, pouca coca. Volta pro casamento, sangue na calça, sangue no sapato. Que porra é essa moleque?Fiquei sabendo do assassinato assim, da boca do assassino.
Logo o Cuíca? Porra, beleza, Olha como ele ta feliz com o beck, beleza, vamos fumar... Uma onda da porra, uma onda do caralho... Nunca pensei que fumaria essa merda, nunca pensei, da favela ainda?Sujeitando-me a comprar, como disse o moleque que fumava há tempos, porém, nunca comprava nunca se sujeitava àquela humilhação... Dei mole... D, percebeu no bar, eu percebi na praça da Kombi, eu discuti, quase briguei com o dono da casa...demos mole, agora basta fumar um beck, relaxar, mas é foda, se liga D. fica ligado, B. ta doidão, ainda não comeu aquela mulher, mas também, na frente de geral?Ela é safada, vai dar, vai dar... Esse beck é uma maravilha, tranquilo, que relax... Nem penso nela, nem quando fumo, quase sempre penso nela, menos quando fumo. Eu a amo, ela, um dia, também me amou, acho que agora ela apenas se ama. Mas eu era machista, mas mudei, as coisas funcionam assim, lá vai o L. se tornando um merda como eu, sendo machista, quando perder vai ser um Eu, um merda arrependido. Tá beleza, que viajem, eu sou maluco, sou maluco... Já torraram o beck todo?Dei dois tapas só porra, também, passou por maior galera...
Cecete, brother, a galera ta metendo lá embaixo, a mãe do maluco, vai ser maior esculacho, neguinho não respeita nada. Ó, vamos meter o pé, o cara ta boladão, estão metendo na casa dele, na frente da casa da mãe dele, e ninguém está dando pra ele, o bicho vai pegar, olha, o B. não sai da mesma cena, moleque, isso vai dar merda, é óbvio isso.
Particularmente, nunca achei que uma pessoa da favela seria assim, pensava no motivo pelo qual o cara que se parece com o Cuíca, vou chamá-lo de Cuíca mesmo, sentia-se ofendido com a galera que trepava na casa do amigo dele, vai ficar ai uma questão, eu, não entendo, mas deixo as fichas para que alguém entenda.
Os caras estão discutindo, esse dono da casa tem transtorno bipolar, uma hora ele ta bem, na outro ta puto, caralho moleque, tem gente ficando com medo. Olha ele, cacete, tá gritando o nome de JAH ali na janela: ô JAH, pelo amor do senhor, JAH! É melhor a gente ficar com medo mesmo, pelo menos o medo nos previne de alguma merda. D. o que vamos fazer, esses caras estão malucos...? Os grupos falavam a mesma coisa, o dono da casa e o Cuíca reclamavam da galera fazendo sexo, eu, só estava fumado... Pararam o sexo, pedimos pra parar. O grilo agora era outro, a falta de respeito, mas nisso, já tinha ido embora o Cuíca, decidido a não voltar mais, diante daquela falta de respeito, mas pensei: no início, ele dissera que o problema era o sexo, paramos o sexo, agora a falta de respeito, ele, sem dúvida, queria arrumar confusão, e eu, não queria pagar pra ver, ele foi embora, eu, fiquei com medo, cenas assim, já tinha presenciado de dezenas, lá pelo lado das milícias, mas ali era tráfico, não vejo diferença alguma...
Partiu geral, partiu... Os caras tão puto, o maluco ouviu a gente falando, comentando que eles estavam putos, o M. ficou discutindo, falando alto, não respeitou os malucos, gente, vamos embora, vai dar merda e eu to ligado já... Chama o B. a puta dele, que é casada, mas queira meter com a festa toda, e quem quiser vir, estamos indo. Aí, espera o F, vai ficar aí sozinho com esses caras?É, chama ele, chamar o quê? O cara está com a mulher, dane-se, eu meto o pé então... Não! Ta, deixa que eu chamo. Fui lá, o chamei, ele e a mulher dele e dei o papo: se liga, os malucos estão nervosos aí, tem gente desrespeitando a casa do moleque, a mãe do moleque, e acho que vai dar merda, é melhor a gente meter o pé, ou então tu desenrola essa porra, vai desenrolar?Sai da cama, vai desenrolar, agora não tinha caô, todos tinham saído, a parada era ir embora, o melhor a se fazer... Vamos, vamos, tem gente lá atrás, não dá, B., D., vamos, não quero nem saber, o táxi, tem táxi alí,aí irmão, quanto é o táxi até Bangu? Não! Não vamos de táxi não, é melhor esperar porra, vamos com a galera, juntos é melhor, a gente não conhece nada por aqui, é favela moleque, e se ele entregar a gente pro movimento? Qualquer caô é uma merda total... Beleza, vamos não irmão, vai com Deus... Vamos andando, vamos sair daqui, fodeu, que medo, mas tá tranquilo. Vamos pegar a Kombi?Pra onde, Bangu?Tanto faz, vamos sair daqui.
Confesso: meu amor, ter terminado o namoro deixou minha vida bem mais interessante!Ah, e uma última coisa: se agarre ao teu deus, porque o meu, já deixou de existir faz tempo, assim que você se foi por aí, sustentada pela raiva e pelo amor-próprio...



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Que amor é este,
Que sentes pelo mesmo amor
Que sinto,

Que não te deixa compartilha-lo comigo?

Não sabes que sou parte desse sentimento,
Tão parte importante hoje, amanhã, na vida?
Que, mesmo em dia como esse, cheio de você, egoísta,
Hei de ter esperanças no meu amor,
No amor dele, no meu sofrimento!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Você, Amazônia...

Pela Amazônia adentro,
Sigo sem bússola,
À procura da cura
Enterrada neste solo imenso.

Quão linda é essa terra!
Quão difícil a localização!
Encontrarei em ti,
A solução para seu coração!

Entre tantas feras,
Empenharei meu destino,
À procura da cura
Para seu coração ferido!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Tornaram-se ridículas as palavras de amor que um dia joguei ao vento para, enfim, trazer um amor qualquer, de algum lugar distante. Ridículas são todas as palavras de amor declamadas sem a razão cotidiana da existência. Quantos foram os amores perdidos, esquecidos e deixados de lado em algum lugar desse mundo pequeno para quem acha que ama? Alguma sensação assim, do fundo da minha vida, afirma que nunca amei mulher alguma que não tivesse relação ou grau parentesco comigo. Tantas foram as paixões- e cabe aqui diferenciar amor de paixão- lancinantes e abruptas, que me tiraram o sossego, o sono e me tornaram objeto de uma existência que não durou alguns instantes anteriores ao baque: eu não te amo mais! Bem verdade que nunca amei um dia, e agora escrevo para me convencer que não sei o que significa o amor no sentido mais exaltado da palavra. Estou convencido: não preciso amar as mulheres com quem tenho relações sexuais e venero por me aturarem cotidianamente! Preciso sim, ser sincero com vocês e comigo, ser verdadeiro com vocês e comigo, valorizar vocês e a mim. Gosto do seu violão, da sua poesia e da sua atuação. Não quero perde-los tão cedo, portanto escrevo esse texto.

(21/09/2008)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Naufrágio!

Quando eu morrer,
Voltarei e te perguntarei,
Se após aquela tempestade
Na qual nos perdemos
Um do outro,
Você continuou a me amar
Nalguma ilha deserta!

Não resistirei a esse
Naufrágio!
Estou sozinho e penso em ti,
Aqui
Nessa ilha solitária
Chamada:
Eu!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Recadinho:

Sabes muito bem que não fui um daqueles homens machistas, ciumentos, grosseiros e tudo mais que o mundo patriarcal proporciona aos homens. Pelo contrário, respeitava suas vontades, suas opiniões, ouvia, mesmo a contra gosto, suas histórias sexuais, seus desejos e suas experiências.

Sempre deixei claro que respeitava, ouvia e te tratava bem, por que gostaria que você fizesse o mesmo. Eu sou um homem livre e gostaria que você fosse uma mulher livre nesse mundo injusto. Eu te amei do fundo do meu coração triste, mas a vida muda drasticamente! Fiz planos, queria ter casado, mesmo sabendo que não tínhamos muito a compartilhar um com o outro.

É triste, mas o amor acabou.

domingo, 21 de agosto de 2011

Posso te fazer uma pergunta?

- Posso te fazer uma pergunta? Você é apaixonada?Já fiz...
- bom, isso depende, né...
- sim, depende. Você certamente é apaixonada pela terra, pelo ar, por um monte de coisas e pessoas. Sim, depende. Costumo fazer essa pergunta. A resposta é tão complexa, que dela posso saber boa parte da sua personalidade...ridículo, né?!
- você não quer reformular a pergunta?
-não, não quero reformular a pergunta. Não me interessa saber sobre isso, nesse local, nesse momento.

Segui, com aquele pensamento enquanto tocava com a ponta de meus dedos boa parte do seu corpo, imerso naquele voluptuoso universo de encanto e desencanto. Eu deveria ter lembrado, antes de fazer a pergunta, que no dia em que a conheci, perguntei se tinhas namorado, e a resposta foi: “não quero responder essa pergunta!” eu não lembrei, fiz a pergunta, e nesse momento, tento trazer de volta a atmosfera anterior, de sérios orgasmos e olhares que juravam amor eterno. Não sei se a mim, ou ao sexo que fiz, e estava fazendo, de forma absolutamente fascinante.
Sempre tive boas experiências com as mulheres. Não é que eu seja bom de cama. Talvez até seja isso, embora a negação disso tudo, sirva, exclusivamente, para manter minha humildade no lugar onde ela deve estar: dentro de mim mesmo.
Antes de fazer aquela pergunta, eu deveria ter lembrado o momento no qual afirmei que ligaria durante a semana, a fim de marcar algum programa com você. Se tivesse lembrado, não teria, de forma alguma, duvidado do estado temporário referente ao relacionamento que conservas em algum canto do país. Sim, você tem namorado, e eu não dou à mínima.
Peço-te apenas uma única coisa: não me olhes como se estivesses apaixonada por mim. Um dia eu posso acreditar nisso, sair correndo, ou simplesmente retribuir o que de mais belo existe nessa terra.

(13/07/2009)

terça-feira, 26 de abril de 2011

Curto espaço de tempo
Intenso.
Eu por cima você por baixo,
Cara a cara e
Depois,
Lado a lado.
Cabelos revoltos
Toque afável.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Grande mídia vendida -RJ

Para mim, tudo começou com uma entrevista ao Jornal “O DIA”. Uma simples sabatina com o senhor secretário de transportes Alexandre Sansão (ver http://migre.me/3RSiQ).
Alexandre chamou a chefe do jornal, a cumprimentou e comentou sobre o jantar da noite passada, como se fosse seu melhor amigo. Desconfiei. A jornalista responsável pela sabatina me entregou um papel e disse: “essas são as perguntas sugeridas pela redação” desconfiei e tremi. Não pode ser, pensei.

Não fiz as perguntas indicadas, pelo contrário, fui mais ofensivo, como quase todos naquela sala, como o fotógrafo foi, e levou um esporro do secretário: “assim não, bate essa foto direito ou então saio mal na fita. Não quero sair com uma cara de desesperado. Bate assim, sorrindo. Opa, essa ficou ótima! “

No dia seguinte lá estava a maldita matéria, com uma pergunta que eu não fiz. Com uma série de perguntas que ninguém fez, mas estavam lá, atribuídas a pessoas bem intencionadas, atribuídas ao movimento social. Balela, pensei. Jornal vendido, prefeito e governador muito bem articulados.

Tive certeza: a mídia carioca tem blindado todos os capangas do PMDB.

Essa semana, constatamos mais um escândalo na segurança pública do nosso estado. Carlos Oliveira, sub secretário de ordem pública, cargo de confiança da prefeitura do RJ, diga-se, do prefeito Eduardo Paes, acusado de envolvimento com o narcotráfico. E, mais uma vez, a grande mídia blinda o PMDB como um todo. Nada de Paes, nada de Cabral, e o carnaval se aproxima.

Conselho estadual de comunicação? Só se isso aqui virar o Egito!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sinto falta de tanta coisa, que nem sei se eu, sou eu mesmo. Me perdi pelo caminho, no meio do caminho. Tantas coisas aqui, além, no mundo inteiro, foram mais importantes, nobres, no sentido mais sublime da nobreza.

Os amigos, os amores, a família, no meio do caminho ficaram. E eu, assim, unido aos que, em sua maioria, não entendem - ou não tem bagagem para entender- continuo caminhando. Contudo, nunca é tarde para voltar, recomeçar da melhor forma possível: caminhar por um caminho já conhecido, com os amores, a família e os amigos.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sala, copa e cozinha

Reproduzo aqui esse artigo cuja leitura me deixou em estado de excitação máxima.




Por Michel Blanco . 05.11.10 - 17h33


Uma jovem estudante de Direito, desalentada com a vitória da petista Dilma Rousseff, ganhou fama ao clamar no Twitter o afogamento de nordestinos em benefício de São Paulo. O ódio da moça brotou em meio a uma campanha difamatória que irrigou expedientes eleitoreiros. Se na TV o marketing cuidou de dar boa aparência aos candidatos, na internet a coisa foi feia. Levante a mão quem não recebeu um único spam desqualificando os votos da população assistida pelo Bolsa Família. Sobre tal corrente, a psicanalista Maria Rita Kehl disse o que tinha de ser dito – e foi punida por isso. Assim estávamos na campanha…

A xenofobia da estudante paulista, no entanto, não é retrato das tensões do momento. É uma fotografia embolorada, guardada num fundo de armário, agora trazida à tona. Quem triscou fogo nos spams sabia que o ódio fermentava. Bastava uma faísca. Se tiver estômago, pode ler uma coletânea de tweets odientos — e odiosos — no Diga não à Xenofobia. A menina não está só.

A maioria dessas mensagens parte de jovens de mais ou menos 25 anos. O que leva a supor que muitos deem vazão a preconceitos ruminados à hora do jantar em família, da festinha do sobrinho ou do churrasco da faculdade. Está aí boa parte da festejada geração da internet, que confunde vida real com a vida em rede, mas se sente imune às consequências de atos online. Mostram os dentes no Twitter como se estivessem a salvo da luz do dia, como se não fosse dar nada. Mas deu, mano.

A moça que gostaria de afogar um nordestino em São Paulo acabou ela mesma por submergir. Deletou seu perfil ante a repercussão do caso, que lhe rendeu a protocolação de uma notícia-crime pela OAB de Pernambuco no Ministério Público Federal em São Paulo. O escritório de advocacia onde estagiava apressou-se em dizer que ela não despacha mais por lá. O caso foi parar até nas páginas do britânico Telegraph. Vários outros “bacanas” seguiram os passos da menina e desapareceram do Twitter. Talvez arrependidos do um ato impensado, da ausência completa de reflexão ou, mais provável, da ameaça de punição legal. Quem sabe ainda há tempo para deixar as trevas.

Ironicamente, o aguardado uso da internet nas eleições ajudou a liberar o que há de mais retrógrado entre nós (embora o poder transformador da rede esteja muito além disso). Parecemos recuar 50 anos em relação a direitos civis. Houve até o retorno de mortos-vivos, grupos pouco representativos e de triste memória. Não bastasse o proselitismo religioso, a ação das militâncias, oficiais e oficiosas, na internet descambou para baixaria geral. Conhecido o resultado da eleição presidencial, viria o pior: o insulto aos eleitores, desclassificando-os.

Enfim, é uma questão de classe; não de compostura. Uma parte dos jovens que se julgam classe A levantou-se da sala de jantar para reinstaurar a separação da copa e da cozinha, sem se dar conta de que a divisão dos cômodos já não é tão sólida. O que move tanto ódio? Passionalidade do clima eleitoral não é o suficiente.

Nunca na história deste país (tá, essa foi só para provocar) se falou tanto em classes C e D e E. Estão todos os dias na imprensa; chamam atenção pelo crescente poder de consumo. E é a isto que a noção de classes parece se resumir hoje: consumo. Talvez esteja aí a raiva dessa moçada, muito mais identificada com bens do que com valores.

Identificar-se por aquilo que se consome pressupõe um sentimento de exclusividade. “Eu tô dentro e eles, fora”. Uma concepção de vida alimentada e também confrontada pela massificação do consumo. A tensão desponta quando “eles”, os esfarrapados, começam a ter o que “eu” tenho. A exclusividade mingua, e o povão chega chegando, sentando ao seu lado no avião. É preciso descolar novos meios para diferenciar uns dos outros. A desqualificação é um deles.

Um dos legados desta eleição embalada por baixarias é uma tensão que parece escapar da acomodação sobre a imagem construída pelo mito fundador nacional. Descobrimos um pensamento ultra-conservador no Brasil, e ele pôs a cabeça para fora. Seria um exagero, no entanto, dizer que o país está dividido. Mas é igualmente um equívoco considerar que a identidade nacional sai ilesa – por definição, ela é lacunar, ao pressupor a relação com o outro. O que queremos de nós mesmos?

Mas na cabeça dessa moçada raivosa, nada disso seria necessário, e a harmonia se restabeleceria desde que todos estivessem nos lugares “certos”. Assim, estão prontos para experimentar o que consideram desenvolvimento e mal esperam a ocasião para pôr à mesa de alguma congregação do Tea Party uma iguaria nacional: uma saborosa broa de milho feita pela mãos da preta dócil que serve a casa.


em: http://br.news.search.yahoo.com/search/news?p=copa+cozinha&ei=UTF-8&c=

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Era para ser o mais importante de uma vida inteira. A tarefa mais importante. O teste. O estopim.

Eu poderia falhar. Mas eu não tenho falhado em nada.Tenho assumido, de modo consciente, o melhor para o outro, sem, de forma clara, pensar no que, de alguma forma, seria o melhor para mim. Fui, conscientemente, resignado nos momentos de escolha, ou melhor, nos momentos nos quais minha opinião valia a pena ser externalizada.

Eu costumo respeitar a decisão alheia, principalmente quando 10% da deliberação diz respeito a minha pessoa. A partir daí eu reavalio meus conceitos, faço de tudo para readequar minha vida. Confesso: eu tomei a decisão errada desde o princípio, e agora não há como retroceder.

Espero que meus camaradas percebam a importância de uma nova etapa.
Hoje eu estou triste. Mesmo assim vou passar em sala e fazer valer a minha vontade, somente por hoje.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Monólogo de Orfeu

Vínicius de Moraes/ Orfeu da Conceição
Este é um dos trechos mais bonitos do primeiro ato da peça, em que Orfeu sobressalta-se quando Eurídice lhe diz "Até, neguinho. Volto num instante".
Orfeu tem um mau presságio, e pede à amada que não o deixe. Eurídice responde: "Meu neguinho, que bobagem! E' um instantinho só. Volto com a aragem...

Orfeu:

Ai, que agonia que você me deu
Meu amor! que impressão, que pesadelo!
Como se eu te estivesse vendo morta
Longe como uma morta...

Eurídice:

Morta eu estou.
Morta de amor, eu estou; morta e enterrada
Com cruz por cima e tudo!

Orfeu (sorrindo):

Namorada!
Vai bem depressa. Deus te leve. Aqui
Ficam os meus restos a esperar por ti
Que dás vida!

(Eurídice atira-lhe um beijo e sai).

Mulher mais adorada!
Agora que não estás, deixa que rompa
O meu peito em soluços! Te enrustiste
Em minha vida; e cada hora que passa
E' mais porque te amar, a hora derrama
O seu óleo de amor, em mim, amada...
E sabes de uma coisa? cada vez
Que o sofrimento vem, essa saudade
De estar perto, se longe, ou estar mais perto
Se perto, - que é que eu sei! essa agonia
De viver fraco, o peito extravasado
O mel correndo; essa incapacidade
De me sentir mais eu, Orfeu; tudo isso
Que é bem capaz de confundir o espírito
De um homem - nada disso tem importância
Quando tu chegas com essa charla antiga
Esse contentamento, essa harmonia
Esse corpo! e me dizes essas coisas
Que me dão essa fôrça, essa coragem
Esse orgulho de rei. Ah, minha Eurídice
Meu verso, meu silêncio, minha música!
Nunca fujas de mim! sem ti sou nada
Sou coisa sem razão, jogada, sou
Pedra rolada. Orfeu menos Eurídice...
Coisa incompreensível! A existência
Sem ti é como olhar para um relógio
Só com o ponteiro dos minutos. Tu
És a hora, és o que dá sentido
E direção ao tempo, minha amiga
Mais querida! Qual mãe, qual pai, qual nada!
A beleza da vida és tu, amada
Milhões amada! Ah! criatura! quem
Poderia pensar que Orfeu: Orfeu
Cujo violão é a vida da cidade
E cuja fala, como o vento à flor
Despetala as mulheres - que êle, Orfeu
Ficasse assim rendido aos teus encantos!
Mulata, pele escura, dente branco
Vai teu caminho que eu vou te seguindo
No pensamento e aqui me deixo rente
Quando voltares, pela lua cheia
Para os braços sem fim do teu amigo!
Vai tua vida, pássaro contente
Vai tua vida que eu estarei contigo!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Alugam-se jovens desiludidos. Procurar o Globo

EM Igor Bruno, política

O Globo de hoje publica um artigo intitulado Jovem e desiludido. É mais uma xaropada para falar mal do Lula, da UNE e do movimento estudantil. O texto escamoteia uma verdade simples: uma das razões da suposta “desilusão” dos jovens é justamente o tratamento mesquinho, criminalizante, enfadonho, que a mídia dá à política. A mídia, como sempre, analisa um fenômeno sociológico como se ela, a mídia, não fosse um dos protagonistas do fenômeno.

Mas foi legal ler essa matéria para me deparar com aquele grupinho de estudantes que eu citei no post anterior, a Nova Organização Voluntária Estudantil, a Nove, formada, segundo o Globo, por estudantes que se uniram em 2009 para protestar contra o Enem e permaneceram como grupo estudantil “apartidário”.

Vamos comentar esse trecho da matéria:

(…) Bernardo Ainbinder, de 19 anos, diz que a desilusão vem de casa, “porque ouvimos desde pequeno, em casa e no colégio, que político é tudo igual”. A própria Nove pode ser exemplo do pouco interesse dos jovens: se ela teve 50 fundadores, hoje conta com oito membros.

- Muitos passaram a não ter mais tempo, ou viram que o grupo ainda precisava amadurecer, mas também houve saída por desinteresse – diz Ainbinder, aluno de relações internacionais da UFRJ, que também critica as entidades estudantis e as alas jovens dos partidos: – Embora esteja no estatuto dessas entidades que elas são apartidárias, o que a gente vê são “estudantes profissionais”, presidentes da UNE que saem para serem políticos, e um atrelamento ao governo.

A Ubes não atua. Perguntei na minha turma quem a conhecia, e só dois, de 60, levantaram a mão. A juventude dos partidos também não é atuante. Não há crítica ao programa do partido.

Repare que ele menciona a desilusão que “vem de casa”. Ou seja, esses jovens são filhos de uma classe média que vem sofrendo, há anos, uma lavagem cerebral promovida pelo jornal Globo (no caso dos fluminenses & cariocas). Não esqueçamos que, um dia após o golpe de Estado de 1964, houve uma passeata em Copacabana e Ipanema para comemorar e apoiar os militares. O jovem Ainbinder, em vez de aproveitar o espaço concedido pelo Globo, para se insurgir contra essa negatividade reacionária de seus pais, usa-o para reforçar os preconceitos contra a política, contra partidos, contra ideologias, contra o governo Lula.

Se tem pouca gente que conhece a Ubes, a culpa também é do Globo, porque as pessoas so conhecem aquilo que vêem na mídia.

Não estou botando a culpa de TUDO no Globo, um jornal reacionário e golpista, mas competente no que faz; não dá, no entanto, para suportar calado o Globo meter o malho nas entidades estudantis. Repare que ele faz uma matéria sobre a UNE e a UBES, mas não entrevista nenhum representante dessas entidades. Não, ele prefere entrevistar um integrante da “Nove”, uma entidade que segundo o próprio Ainbinder tem hoje apenas OITO membros. Nem a mais radical célula revolucionária situada no interior da floresta amazônica é tão diminuta. A UNE e a UBES representam milhões de estudantes. Promovem congressos, debates, passeatas. Obtiveram grandes vitórias políticas este ano, como a aprovação de 50% da verba do pré-sal para a Educação e o Estatuto do Jovem. Tem combatido com relativo sucesso pela manutenção da meia-passagem, benefício que os governos estão sempre tentando tirar dos estudantes. Enfim, a gente luta de verdade, na praça, com o povo. Não é a totalidade dos estudantes? E daí? É assim mesmo. Ingenuidade achar que, a esta altura do campeonato, teremos percentuais gigantescos de participação política entre os estudantes. Não dá para comparar o movimento estudantil de hoje com os anos 60, quando havia toda aquela atmosfera de revolução cultural, sexual, política. Hoje as coisas estão mais calmas. Além disso, a maioria dos jovens está muito empobrecida financeiramente; sua preocupação maior é como sobreviver no futuro próximo. Essa é uma de nossas frentes de luta. Geração de estágios, empregos e bolsas para os jovens poderem respirar, estudar, divertir-se.

São poucos os jovens que se envolvem no movimento estudantil? Sim, são poucos se pensarmos em termos percentuais. Mas não são OITO. São milhares, só no Rio.

Outra coisa: é natural, na minha opinião, que o jovem engajado nas lutas do movimento estudantil se alie a partidos políticos. Qual o problema? Faz parte do processo de politização. Não vivemos numa democracia representativa? Quanto ao atrelamento ao governo, a fala de Ainbinder é típica de um jovem alienado que só lê O Globo. Os estudantes se alinham ao governo quando acham que assim devem fazê-lo, e cobram uma contrapartida política. O governo Lula está dando essa contrapartida. Ajudou a UNE em diversas frentes, deu ganho de causa a ela para recuperar sua sede, tem conversado com as lideranças estudantis e acatado muitas de suas propostas. Enfim, os estudantis apóiam ou desapóiam quem eles quiserem, segundo suas consciências e seu bom senso. Não é o Globo que manda na opinião dos estudantes!

De http://www.falafera.net/site/

terça-feira, 20 de julho de 2010

Banho de Sinceridade

Esse texto já está postado nesse blog. Pretendo revive-lo apenas porque reviver o passado faz parte do presente.




Vou passar essa noite consultando meus livros de filosofia, e os de psicanálise também, a fim de descobrir qualquer significado de amor cuja tônica não esteja relacionada a qualquer tipo de dor. Assim que encontrar, e hei de encontrar, é óbvio. Vou copiar, recortar e carregar na carteira, para ler sempre que algum infortúnio, de qualquer grandeza, venha me descontrolar.

Vou, amanhã pela manhã, consultar qualquer mãe ou pai de Santo, pra que esses me expliquem o motivo pelo qual fracasso em quase tudo, e pra além disso, o motivo pelo qual, depois de ter estragado tudo, me empenho a fim de reparar também tudo. Vou, também amanhã, procurar meus amigos, perguntar-lhes se sou um homem sincero e humilde e amigo pelo qual vale a pena morrer, ou pelo menos se atracar com qualquer gigante. Vou, na parte da noite, ligar para todas as mulheres que magoei direta ou indiretamente. Não vou pedir desculpas, isso eu sempre faço. Eu vou, depois de ter lido muito e consultado meus orixás, explicar porque tenho sido um merda, quase sempre.

Vou conversar pessoalmente com as pessoas que me deram chances extraordinárias de emprego, pesquisa, estágio e intercâmbio, e explicar o motivo pelo qual não fiz nada correto, e porque não aceitei os convites.
Vou dançar Salsa com minha mãe e beijar o rosto do meu pai, de modo que ele possa perceber que todos esses anos sem beijo e sem “eu te amo”, culminaram nesse beijo no rosto.

Vou avisar todas as mulheres que me paqueram e, que projetam qualquer tipo de futuro comigo, que já sou apaixonado, já choro por alguém, já quero casar e ter filhos com alguém, já tenho alguém que me completa dentro e fora da cama, e que só vou ficar com elas, se for pra suprir todas as vontades reprimidas durante muito tempo de namoro. Quero dizer que não tenho namorada, e isso nada tem a ver com o fato de estar apaixonado. Eu gosto de me apaixonar e por isso o desamor é tão doloroso assim.

Nem sempre serei o homem pelo qual vocês se apaixonaram.Eu não valho a pena!
Não me liguem mais.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Política de segurança e criminalização da pobreza




O objetivo desse artigo, antes de elaborar qualquer proposta de política de segurança pública para o estado do Rio de Janeiro, até por que inúmeros personagens já se debruçaram nessa tarefa e sem dúvida, há de se esperar que essa seja uma tarefa árdua e extensa, tenho como objetivo analisar e apresentar o cenário atual das políticas públicas de segurança pública do estado.

Acredito que seis pontos merecem atenção especial, justamente por que estão seriamente ligados, sob o meu ponto de vista. Os muros nas favelas, as UPP`s, a criminalização da cultura popular e o choque de ordem, são os pontos sobre os quais pretendo discorrer nesse artigo.

Os muros nas favelas

Sob o argumento da proteção ambiental, treze comunidades, onze delas localizadas na zona sul da cidade do rio de janeiro, serão cercadas por muros de 3,4 metros de altura, em média. É mais que óbvio para todos, a importância que proteger a mata atlântica tem nos dias atuais. É claro que o poder público deve se apropriar dessa pauta, a fim de resolver problemáticas como as do desmatamento. Entretanto, ao analisarmos a eficácia e a legitimidade desse projeto, podem-se concluir alguns equívocos, que contribuem para a formação de limites sociais, e não ecológicos.

Tomando como referência a formação desses limites sociais, pode-se aferir a exasperação dos conflitos entre os moradores dessas comunidades e os moradores de classe média, já que a sensação de “segurança” é relacionada diretamente à construção do muro, que por sua vez, pode aprofundar diversos estigmas que são projetados à população das favelas.

Quando um muro é construído para separar pessoas, nenhuma outra questão está colocada, a não ser a produção de segregação social e espacial.

Não podemos esquecer as políticas de sanitarização do século 19, que contribuíram para a visão da pobreza como doença, sujeira e outras coisas mais. Essas políticas, além de moverem os moradores de baixa renda para locais distantes, no caso os subúrbios, estão diretamente relacionadas ao empreendedorismo imobiliário cujo público alvo era as elites emergentes.

A inquietação com o crescimento das favelas deve ter como centro o combate à pobreza, o acesso a direitos e uma política habitacional adequada. Não deve, de forma alguma, ser tratada de forma imediatista, expressando assim, o caráter eleitoreiro de nossas políticas públicas. Além do mais, todas as pesquisas relacionadas ao tema, nunca contam com a participação de associações de moradores e plebiscitos que são realizados nas comunidades.

Os outros pontos serão apresentados de forma separada e freqüente.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sobre educação e políticas de ação afirmativa.

No ano de 1999, em uma das universidades mais elitistas do país, um caso de racismo abalou a comunidade universitária: O famoso caso Ari.

Ari era estudante de antropologia da UNB, departamento que na época tinha um programa de Doutorado, que em 20 anos de existência, nunca tinha admitido um estudante negro. Ari foi o primeiro, e, além disso, logo no primeiro semestre, ele fez duas matérias e obteve nota máxima nas duas. Entretanto, no início de agosto, o mesmo procura alguns professores e afirma ter sido reprovado na matéria obrigatória, que coincidentemente, nunca tinha reprovado estudante algum em 20 anos. O professor responsável pela reprovação afirmou que, se Ari Lima tentasse revisão de nota, seria reprovado novamente. Engraçado, o responsável pela reprovação não conseguia, de forma alguma, sustentar academicamente os motivos pelos quais tinha reprovado o estudante negro.

Até então, era comum a não existência de estudantes negros na universidade e mais comum ainda, a inexistência do debate sobre cotas e políticas de ação afirmativa na Universidade de Brasília.

Bem verdade, que essa não é a realidade apenas da UNB, e sim das universidades brasileiras. Se nossa sociedade é racista, esse, sem dúvida, se expressa em todas as esferas desse país. Sinal de que a universidade brasileira não está à cima do bem e do mal, pelo contrário, é o espaço no qual o debate sobre o racismo se dá da forma mais velada possível, por conta de algumas questões básicas.

Sabe-se hoje, que racismo é crime, que “brincadeiras” de cunho racista reproduzem idéias discriminatórias e mais ainda, que o racismo é um crime imprescritível. Todos, dentro da universidade, sabem disso, e afirmo tal suposição por que é na universidade que se encontra a elite da intelectualidade brasileira, portanto, o setor da sociedade que possui maiores informações sobre leis, etc.

Nunca vi, dentro das dezenas de universidades nas quais participo de movimento estudantil e muito menos na universidade que estudei durante três anos, qualquer manifestação aberta de racismo. Nesses espaços, o mais importante é deixar o debate de lado, e naturalizarmos a inexistência de negros nesses espaços. Isso é o que a elite racista quer, entretanto, não o que os movimentos sociais comprometidos com a luta anti-racista almejam.

Na perspectiva de desconstrução de alguns argumentos anti-cotas, destaco dois assuntos, que sob meu ponto de vista, são os que ainda permanecem na retórica, tanto de racistas, como Demétrio Magnoli e Roberta Fragoso Kaufman, como de progressistas, que ainda permanecem recuados quando o debate permeia a reserva de vagas para negros.

Há algum tempo, em 2003 mais precisamente, alguns argumentos demasiadamente conservadores faziam sentido no plano das idéias, como o da diminuição da qualidade do ensino com a entrada de estudantes oriundos de escola pública, negros e indígenas, justamente por que esses precisavam tirar menores notas que a maioria, para ingressarem na universidade. Esse argumento caiu por terra, em decorrência de algumas pesquisas, principalmente na UERJ, primeira universidade brasileira a adotar a reserva de vagas.

O que mais me preocupa não são os argumentos conservadores, e sim os argumentos travestidos de progressistas, que geralmente não levam em consideração a história do nosso país, e principalmente o desassossego que a entrada de negros na universidade, causa nesses indivíduos.

Foram mais de 300 anos de escravidão, os africanos no Brasil foram obrigados a mudar de nome, esquecer seu passado, sua religião e várias outras mazelas que estamos cansados de saber, aqui... Isso não importa. O mais importante é avaliar o período pós-abolicionista, no qual negros livres não tiveram chance de serem integrados a sociedade, pelo contrário, algumas políticas de estado segregaram ainda mais esse seguimento.

Quem não se lembra da lei da vadiagem, que criminalizava a desolação ou o perambular, e era geralmente aplicada a homens negros? Quem não se lembra dos motivos pelos quais não se tinha uma educação básica em horário noturno? A argumentação era clara: vai servir de local para vadios se reunirem. Enfim, quem não se lembra da política de imigração, incentivada pelo governo, e que previa distribuição de terras, trabalho e proteção especial aos imigrantes, no caso, cerca de 1,5 milhão? São fatos da nossa história, negados e sabemos muito bem os motivos para tal.

Um dia desses, uma pixação apareceu nas dependências da UERJ: “fora pretos, esse não é o lugar de vocês!”. Alguns setores que defendem o sistema de cotas para negros preferem não comentar o fato, negar que hostilidades ocorrem dentro das universidades brasileiras, justamente por que acreditam que dar visibilidade as ocorrências, é o mesmo que contribuir para que a reserva de vagas seja negada em determinados espaços, sob o argumento de incitar o ódio racial. Algumas considerações merecem ser feitas, e faço isso por que discordo do posicionamento desses setores que defendem as cotas.

Como colocado mais à cima, a sociedade brasileira é racista, óbvio. Em todas as esferas, esse preconceito se materializa. Não seria então, o sistema de cotas, uma maneira para que o tema racial seja discutido nas universidades?Tenho pra mim, que se combate o racismo discutindo o mesmo, e dar visibilidade a hostilidades como essa, que aconteceu na UERJ, nada mais é que desvelar o que toda nossa bibliografia demonstra ser velado, e não nego.

Sobre o debate de cotas na UFRJ.

É deveras importante fazer o debate amplo sobre educação, isso é claro, principalmente pra quem faz movimento estudantil e tem como prioridade pensar a educação brasileira. Entretanto, em alguns espaços nos quais se discute o sistema de cotas, a amplitude da discussão sobre democratização do acesso à universidade invisibiliza algumas questões de demasiada importância para a universidade. Tomemos como referência a universidade cujo papel principal é formar opinião, sendo que nesse espaço forma-se a intelectualidade brasileira.

O debate que se propõe na universidade é sim o da implementação do sistema de cotas, ou seja, a forma como o sistema será ou não implementado na universidade. Nenhum outro debate, embora eu reconheça a importância e a essência de ser discutido, pode, de forma alguma, ser tratado de forma prioritária no conselho universitário, ou em qualquer outro espaço. Faço essa avaliação por que observo que a reserva de vagas pode não ser aprovada na UFRJ, que de fato é um dos espaços mais elitistas do país.

Trazer à luz todas as questões que envolvem a reserva de vagas para negros, além de ser uma forma de colocar pra dentro da universidade um tema que tem sido negado desde a sua fundação: o racismo na sociedade brasileira, pode ser também um motivo para pensarmos outra sociedade, mais justa e igualitária, pautada no movimento da nossa história, que é, sem dúvida a luta de classes. E vale ressaltar, o racismo nada mais é que um instrumento do capitalismo.

domingo, 2 de maio de 2010

Uma nova proposta para o Blog

Observar um blog como espaço importante, na luta de opinião colocada no cotidiano, em uma sociedade como o Brasil, perpassa o debate que, sob meu ponto de vista, está na pauta do dia, e mais importante que isso: se coloca como necessidade primordial de todos aqueles que não se sentem representados pelos “grandes” veículos de comunicação.

Digo grande, por que atingem a maior parte da população do país. Coloco entre aspas, por que acredito que tudo que é grande, ou melhor, atinge a maior parte dos brasileiros, deve ser democratizado, ou então se torna pequeno, por que não representa a totalidade da diversidade cultural, que é nosso grande orgulho nacional.

Por mais confuso que possa ter parecido o parágrafo à cima, reitero que os meios de comunicação como rádio, TV e jornais impressos, permanecem sob controle de dez famílias ou menos. Sim, isso mesmo, famílias! Como nos filmes sobre máfia ou sobre o século XX, no nordeste brasileiro- só para balizar.

Por conta disso, e de outras coisas mais, mudei a cara do blog, que por muito tempo permaneceu como muro de lamentações de uma pessoa apaixonada, raivosa e eloqüente.

Isso não quer dizer que deixei minhas características, que com tanto ardor e sofrimento cultivei, tenham ficado de lado. Pelo contrário, ao longo desse espaço, serão expostas como nunca antes, nesse blog. Pretendo apenas fazer uma discussão mais séria sobre temos mais sérios ainda. Espero que meus seguidores gostem do que lerão daqui pra frente. Eu estou animado com a proposta!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Aos que me acham demasiadamente otimista, digo: Sou otimista para fugir desse poema, com o qual me identifico bastante.

terça-feira, 16 de março de 2010

Carta às mulheres da minha vida presente

Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que o carinho o qual sinto por vocês não diminuirá em nada, pelo contrário, há de aumentar cada vez mais. Tens-me dado o melhor, de suspiros eloqüentes, ao sexo sincero e muito bem feito. Todas são especiais, porque mesmo sabendo que já sou apaixonado por outra pessoa, como muitas de vocês já sabem, acompanharam-me sem pedir nada em troca, e mesmo assim tenho barganhado muita coisa, a fim de retribuir esse carinho.

Antes de tudo que está por vir aqui nesse texto, trago à luz que não foi minha intenção fazer com que qualquer uma de vocês se apaixonasse por mim. Pelo contrário, sempre tive pudor ao usar palavras como: “te amo!” ou “você namoraria comigo?”. Eu nunca mentiria para vocês.

Tenho em mim a sensação eterna de que meu jeito desmedido ao ser carinhoso ou compreensivo vem de relações passadas. Ou melhor, de uma relação passada, e, como vocês bem sabem, duradoura. Nessa relação eu não era metade do que sou agora, não compreendia metade do que compreendo agora. Era tão machista quanto não sou agora. E deve ser por isso que escrevo essa carta, nesse momento.

Todas vocês já amaram um dia. Algumas de vocês, ou melhor, a maior parte de vocês, ainda tem o coração ligado ao passado, e talvez por isso procurem em mim qualquer consolo não machista e sincero. É dessa forma, que tenho certeza: vocês me entenderão muito bem.

Não! Não é certo. Não estou namorando nem nada do tipo. Apenas sou apaixonado pelo passado, ou melhor e mais claro, sou apaixonado por uma pessoa que fez parte do meu passado recente, e essa pessoa, apaixonada por mim. Entretanto, não sei se essa pessoa é apaixonada pelo que sou no presente, ou pelo que fui no passado. Simplesmente não sei, e escrevo essa carta para notificá-las que pretendo saber.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Recadinho

Quando eu te encontrei, a poesia veio ao meu encontro. Qualquer poesia, mesmo as de maldizer, as quais redigia especialmente para ti e para ninguém. Aquela era a minha forma de amar e de escrever poemas. Hoje já não escrevo mais poemas. Não tenho mais um amor sobre o qual me referir e desdenhar em versos.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Eu a encontrei, após alguns quilômetros e algumas brigas, na viagem. Eu só esperava a primeira deixa, o primeiro suspiro, a primeira intenção de afeto mais profundo, para desfilar qualquer tipo de palavra, toque ou olhar, que pudesse deixar claro o que fui fazer naquele lugar.

Ganhei um abraço apertado. Não ganhei olhares, toques ou palavras carinhosas. E estranhei, e mudei, e minha intenção se colocou atrás das intenções não planejadas. Eu fiquei calado. Confesso: imaturidade minha. Sempre foi assim, eu nunca soube tratar situações que se colocam fora do script, na última hora. Calei, sentei, observei o visual. Eu gostei dela durante alguns minutos de conversa, mas não deixei de contemplá-la, somente por que estavas bela ou por que esperava a verdade, que um tempinho depois elucidaria semanas sem contato e os pés e o corpo todo, mergulhados em realidade.

Nem um beijo.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Alguma coisa sobre o amor perdido e a madrugda

São 03h15min de uma madrugada quente. Não há como esquecer, que em noites como essa, nos encontrávamos apenas para jogar conversa fora. Conversar sobre qualquer coisa, de forma despretensiosa, por que não tínhamos nada a esconder um do outro e por que todo nosso trabalho de conquista, de ambos, já havia sido feito: nós nos amávamos. Nesse horário, sem sono e inevitavelmente pensando em você. Não há como negar a beleza de amar e ser amado e a plenitude que alcançávamos quando, simplesmente, nos tocávamos e nos olhávamos. Nada mais precisava ser dito: era hora de fazermos amor da mesma forma que as crianças brincam de pique-esconde: nos escondíamos para que o prazer fosse maior. Não recordar as vezes que precisei te convencer, com palavras e toques e beijos, a fazer amor comigo, é, hoje, a mesma coisa que negar minha própria história, que infelizmente se resumia ao amor e agora, a lembrança serve como ingrata companheira do que foi, e nunca mais será.

É verdade, não nos amamos mais. E talvez por isso digas: “vou te amar para sempre”, por que quando se ama e se está longe e separado, tais palavras só servem para silenciar o peito que ainda lateja de saudade.

Não posso ter o direito de te pedir nada. O tempo já se encarregou disso, embora nenhuma palavra tenha sido jogada ao vento, que sempre e nunca, aponta para sua direção. Mesmo assim insisto: não digas que me amará para sempre, porque o que sentiamos, entre eu e você jamais será sentido. Mas entre você e os seus, permanece acessa a chama de qualquer tipo de paixão.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Hoje é o dia do meu aniversário, ou seja, há vinte e dois anos eu nascia no dia 13 de janeiro de 1988. Sim, sou muito novo e também tenho essa sensação, por incrível que possa parecer. Teoricamente esse seria um dia para festejar, ou ao menos ficar feliz por mais um ano de vida. Deveras, é assim que as coisas funcionam. É assim que tudo nessa vida deveria funcionar, mas eu vou achando tudo difícil, até mesmo viver.Eu deveria festejar não por mais um ano de vida, mas sim por mais um ano de vida sem tribulações maiores. A verdade é que eu tenho feito quase tudo errado e as ironias da vida tem me perseguido de modo implacável. Colocando-me contra a parede e fazendo com que toda e qualquer atitude seja repensada todo dia, durante vários dias.

Eu não levanto e festejo por que não tenho motivos para tal. Seria no mínimo incoerente, festejar mais um ano de vida sem assinar o artigo 16 do código penal ou sem decepcionar meus pais que tanto me ajudam, embora seja difícil o apoio dos mesmos para quase tudo que faço por vontade própria.

Seria incoerente levantar a cabeça e festejar. Por que em dia de aniversário, se comemora o que foi e o que não foi; o que aconteceu e o que deixou de acontecer. Entretanto, no meu mundo, nada aconteceu e nada deixou de acontecer; nada foi e nada deixou de ir.
Por isso, e por tantas outras coisas, não me chamem, porque não vou levantar e comemorar.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Projeto de Meia Passagem para estudantes universitários é arquivado em pleno recesso, na Câmara Municipal do Rio de janeiro.

Após a realização de diversas manifestações, em várias universidades. Finalmente o projeto de lei 492/2009, que institui a meia passagem em transportes públicos na cidade do Rio de Janeiro, foi enviado à câmara por intermédio do atual prefeito Eduardo Paes. Desde então, para que o PL fosse instaurado, bastaria apenas, que esse fosse submetido à votação em plenária, na CMRJ. Infelizmente, o processo democrático o qual comumente os projetos são subjugados, não chegou a ser realizado. O que tem nos causado grande dúvida é a data na qual o PL foi arquivado: 30 de dezembro, de acordo com o Diário Oficial de segunda-feira, 4 de janeiro de 2010.

Os estudantes que participaram das manifestações pela meia passagem, os que não participaram mas apoiaram, e todos os outros estudantes que seriam auxiliados pelo PL 492/2009 querem saber o motivo pelo qual o projeto, que foi debatido em mais de 7 universidades, não chegou a ser discutido pelos 51 vereadores que atuam na CMRJ. Para além disso, queremos saber o motivo pelo qual os representantes das comissões de Justiça, Administração, Educação, Transporte e de Finanças, se posicionaram contrários ao mérito.

De acordo com a matéria do JBonline, esses parlamentares foram contrários, alegando que o dever do município é atentar para a educação fundamental e não para o ensino superior. Propomos a esses parlamentares os seguintes questionamentos:
- se mais estudantes universitários conseguirem se formar, qual cidade mais vai se beneficiar com isso?
- a meia passagem já é realidade em 17 capitais desse País, em nenhuma dessas esse argumento foi usado, por que no Rio de Janeiro esse argumento é válido?
- estamos passando por um crescente processo de democratização do acesso ao ensino superior, principalmente por conta do PROUNI. Por qual motivo, a democratização da permanência nem chega a ser debatida pelo poder público?

Saiba quais vereadores votaram contra o PL 492/2009:
* Jorge Pereira (PTdoB), Paulo Messina (PV), Elton Babú (PT), Nereide Pedregal (PDT), Vera Lins (PP), Marcelo Piui (PHS), Luiz Carlos Ramos, Renato Moura (PTC),Professor Uóston (PMDB) e S.Ferraz (PMDB).
À parte esses parlamentares que votaram contra, uma frente em defesa da meia passagem está sendo formada na CMRJ. De ínicio, constituem essa frente os vereadores Paulo Pinheiro (PPS), Stepan Nercessian (PPS), Clarissa Garotinho (PR), Reimont (PT) e Roberto Monteiro (PCdoB).

Saiba mais sobre a Campanha da Meia Passagem em http://www.ueerio.blogspot.com

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Na verdade, eu nunca tive sorte com as mulheres. Tenho pra mim, que a única forma de me colocar como atraente é poder parecer atencioso, inteligente, carinhoso e sentimental. Bem verdade, não acho que isso tudo seja verdade em relação a minha pessoa, e afirmo isso por vários motivos. Um deles, é simplesmente o fato de não acreditar em inteligência. Sim, eu não sou inteligente, apenas li uma penca de livros diversos e internalizei o que presta para poder parecer conhecedor de muita coisa. Não sou atencioso e afirmo: vocês, mulheres, que gostam de falar demais e assim eu apenas ouço, na maioria das vezes, por não ter o que falar ou então para não falar merda e dessa maneira, mostrar quem eu sou de verdade. Sou carinhoso apenas em razão da minha carência eterna que, em meu ponto de vista, nada mais é que uma verdade para todos aqueles cuja sorte com o sexo oposto não passa de ingrata.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009


O difícil não é deixar de amar alguém. O difícil é deixar de lembrar, que já se amou alguém,um dia. Nada que um segundo amor não possa superar!

domingo, 8 de novembro de 2009

Ontem olhei para o lado, estava eu dentro do meu quarto, e observei a janela, nunca antes observada por mim. Imaginei que alguém teria aberto aquele buraco, colocado aquele objeto com trancas e decidido que aquilo lá permaneceria fechado não sei até quando. Só sei que todas as decisões foram tomadas sem o meu consentimento, o que de certa forma me irrita, ou melhor, me deixou irritado, por que o quarto é meu, é nele que eu durmo, sonho e observo meu futuro de forma contemplativa e passional.
Trancaram a janela do lugar no qual eu mais me identificava. Disseram-me que a mesma foi trancada sem a minha permissão, entretanto, por minha causa, por conseqüência dos meus atos, das minhas falas, dos meus descuidos, da minha falta de amor ao que, de certa forma, se colocava do lado de fora da janela, ou do lado de dentro, aí depende do referencial. Eu chorei, quando percebi a veracidade da fala que me acusava, da fala que me lembrava das minhas falas, dos meus atos, dos meus descuidos. Eu chorei, quando olhei para o lado, com a cabeça no travesseiro e já não via as estrelas, do lado de fora da janela. Amanheci como não tinha amanhecido nenhum dia antes de terem trancado a janela, porque o sol já não me acordava, como antes. E então perdi as horas, perdi os empregos, os estágios, cheguei atrasado nas reuniões com as empresas, os políticos, as mulheres que me queriam despido ou simplesmente falante. Eu sou o culpado, porque a janela sempre esteve ali e eu não dei valor a ela, não observei a importância dela.
A janela hoje tem vontade própria, permanece fechada para mim, mas não para os que olham de fora para dentro. De um tempo para cá, aliás, tentei durante uns sete meses abri-la, mas não consegui. E é por isso que ontem a noite decidi me mudar, e hoje eu estou de mudança: Já juntei todas as minhas coisas, ou melhor, a falta de amor próprio, os erros, as falas rudes, as traições, tudo que fiz de errado para enfim, partir para outro lar, a fim de repousar minha cabeça e observar as estrelas, lógico, de forma passional.
Confesso não ter procurado um novo lar, contudo, esse me apareceu de repente. O problema é a distância, meio longe. Mas eu gosto de desafios. E prometo te dar valor.

sábado, 7 de novembro de 2009

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Descobri, hoje, o motivo pelo qual ouço música enquanto tomo banho. Faço isso por que não tenho coragem de cantar, ou melhor, não tenho vontade. Eu não sou feliz.

(Comentem nesse e no outro, abaixo)
Ontem, noite chuvosa, fria e sem graça, eu chorei. Chorei não por estar num bairro muito distante do meu, uma hora da manhã, no frio e sem ninguém pra me fazer graça. Chorei por não achar o sentido que existe entre o voltar para casa e o ficar para sempre na rua, ou melhor- não quero virar mendigo- morar em outra casa, longe da minha cama e da minha família. Nada fazia a diferença. Não me orgulho de não fazer aqui o que faço em todos os outros textos: expressar-me verborragicamente, de modo que qualquer mentira por mim contada aqui, se torne realidade na cabeça de você, leitor que pouco me conhece. Aliás, poucos são os que me conhecem, ou ninguém me conhece, por que me abro, mas na minha cabeça sou muito mais do que posso ser concretamente, na vida real. Talvez eu seja o mundo todo pensando, sentindo e amando, mas ninguém nunca saberá e talvez nem eu mesmo. Bem, voltemos ao que interessa. Não, não voltemos, porque não vou dizer o motivo pelo qual chorei e não tive vontade de voltar para casa.

(comentem, ou então imagino que estou a falar com o vento)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Banho de Sinceridade

Vou passar essa noite consultando meus livros de filosofia, e os de psicanálise também, a fim de descobrir qualquer significado de amor cuja tônica não esteja relacionada a qualquer tipo de dor. Assim que encontrar, e hei de encontrar, é óbvio. Vou copiar, recortar e carregar na carteira, para ler sempre que algum infortúnio, de qualquer grandeza, venha me descontrolar.

Vou, amanhã pela manhã, consultar qualquer mãe ou pai de Santo, pra que esses me expliquem o motivo pelo qual fracasso em quase tudo, e pra além disso, o motivo pelo qual, depois de ter estragado tudo, me empenho a fim de reparar também tudo. Vou, também amanhã, procurar meus amigos, perguntar-lhes se sou um homem sincero e humilde e amigo pelo qual vale a pena morrer, ou pelo menos se atracar com qualquer gigante. Vou, na parte da noite, ligar para todas as mulheres que magoei direta ou indiretamente. Não vou pedir desculpas, isso eu sempre faço. Eu vou, depois de ter lido muito e consultado meus orixás, explicar porque tenho sido um merda, quase sempre.

Vou conversar pessoalmente com as pessoas que me deram chances extraordinárias de emprego, pesquisa, estágio e intercâmbio, e explicar o motivo pelo qual não fiz nada correto, e porque não aceitei os convites.
Vou dançar Salsa com minha mãe e beijar o rosto do meu pai, de modo que ele possa perceber que todos esses anos sem beijo e sem “eu te amo”, culminaram nesse beijo no rosto.

Vou avisar todas as mulheres que me paqueram e, que projetam qualquer tipo de futuro comigo, que já sou apaixonado, já choro por alguém, já quero casar e ter filhos com alguém, já tenho alguém que me completa dentro e fora da cama, e que só vou ficar com elas, se for pra suprir todas as vontades reprimidas durante muito tempo de namoro. Quero dizer que não tenho namorada, e isso nada tem a ver com o fato de estar apaixonado. Eu gosto de me apaixonar e por isso o desamor é tão doloroso assim.

Nem sempre serei o homem pelo qual vocês se apaixonaram.Eu não valho a pena!
Não me liguem mais.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Esse post é só porque tem tudo a ver comigo.

Nunca pensei que pudesse o homem sentir tanta saudade.
Dizem que a palavra não existe em nenhum outro idioma...
mas eu conheço o seu significado.
A alma procura a outra na velocidade do desatino.
Não há lugar senão para a busca.
Nenhuma satisfação que não seja o encontro.
Nenhum engano possível.
A alma sabe exatamente qual a outra é.
É aquela.
Em tudo maravilha, encontrada seria uma.
Um eterno abraço.
Por que não cala o trovão da mente?
Por que não seca a lágrima da obsessão?
Por que não cessa esta falta que enfraquece?
Essa dor que apenas cresce.
Porque não fecha o peito ardente.
Demente.
Ouve o abismo presente, ouve o ruido dos passos...
Então cai eternamente.
Eu não sei se é verdade que de saudade também se morre mas, é melhor morrer do que sentir saudade.

Domingos de Oliveira.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Do capeta e de outros demônios.

Será que eu estou com o capeta mesmo?
Não sei não, porque isso tem sido dito muito, ultimamente. Se eu bebo duas cervejas, dez, estou com o capeta. Se não tenho esposa, mas transo, estou com o capeta. Várias, determinadas situações, estou com o capeta. Você está com o capeta se não quer ter uma vida abastada, prefere fazer escolhas que o façam sentir-se bem, você está com o capeta, o capeta da mesquinharia, da falta de honra.
Ando cheio deles, dos capetas. Até por que sob esse ponto de vista, reduzido, pequeno e localizado no primeiro degrau no entendimento, o que faça não é nada maior do feito por vocês.
Eu não quero riqueza enquanto mil dos meus estão cada vez mais pobres, por causa disso. Inclusive seus fiéis, todos eles. Todo mundo com o capeta, por que eles, também bebem, fumam, cheiram, transam o dia inteiro. Justamente pela situação de serem por vocês, explorados. E explorados da forma mais baixa possível, pela sensibilidade e dúvida do que serão e para onde irão, assim que morrerem, só querem uma vida melhor.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Um dia desses tive completa certeza de que aprendi a amar um pouco mais o ser humano. Aprendi até a ser mais humano, mais amável. E a ouvir um pouco mais, embora essa seja uma das minhas qualidades.

Conheci uma mulher, que devia ter lá os seus 43 anos de idade. Olhos tristes e fala mansa. É uma mãe de Santo, filha de odé, caçador, conhecedor e amável também. Me identifiquei na hora, enfim, também sou de odé, e a gente vai aprendendo a se amar, com o tempo.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Não, não encontro em mim
os poemas que estão para serem escritos,
e nem os que tenho escrito
encontro como sendo por mim, escritos.

Nada do que tenha sido meu um dia
permanece dentro do saco de minhas pertenças,
por que não posso ser nem carro, nem casa e nem poesia.

Eu não sou nada!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Dez perguntas que te farei quando você voltar de viagem:

1- Vamos noivar?

2- Deixa eu massagear seus pés?

3- Vamos foder o dia inteiro?

4- Vamos aprender a dançar qualquer dança, juntos?

5- Vamos morar juntos?

6- Vamos, juntos, falar bem de tudo que o outro faz?

7- Vamos foder o dia inteiro?

8- Deixa eu te colocar pra dormir?

9- Vamos ser felizes, pra que todos que estejam a nossa volta, sejam felizes também?

10- Vamos foder o dia inteiro?


Adaptado de Domingos Oliveira em "Separações".