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Moribundo SUBurbano. Estereotipado: bandido, maconheiro e marginal. Escritor, poeta e, portanto, miserável.

domingo, 8 de novembro de 2009

Ontem olhei para o lado, estava eu dentro do meu quarto, e observei a janela, nunca antes observada por mim. Imaginei que alguém teria aberto aquele buraco, colocado aquele objeto com trancas e decidido que aquilo lá permaneceria fechado não sei até quando. Só sei que todas as decisões foram tomadas sem o meu consentimento, o que de certa forma me irrita, ou melhor, me deixou irritado, por que o quarto é meu, é nele que eu durmo, sonho e observo meu futuro de forma contemplativa e passional.
Trancaram a janela do lugar no qual eu mais me identificava. Disseram-me que a mesma foi trancada sem a minha permissão, entretanto, por minha causa, por conseqüência dos meus atos, das minhas falas, dos meus descuidos, da minha falta de amor ao que, de certa forma, se colocava do lado de fora da janela, ou do lado de dentro, aí depende do referencial. Eu chorei, quando percebi a veracidade da fala que me acusava, da fala que me lembrava das minhas falas, dos meus atos, dos meus descuidos. Eu chorei, quando olhei para o lado, com a cabeça no travesseiro e já não via as estrelas, do lado de fora da janela. Amanheci como não tinha amanhecido nenhum dia antes de terem trancado a janela, porque o sol já não me acordava, como antes. E então perdi as horas, perdi os empregos, os estágios, cheguei atrasado nas reuniões com as empresas, os políticos, as mulheres que me queriam despido ou simplesmente falante. Eu sou o culpado, porque a janela sempre esteve ali e eu não dei valor a ela, não observei a importância dela.
A janela hoje tem vontade própria, permanece fechada para mim, mas não para os que olham de fora para dentro. De um tempo para cá, aliás, tentei durante uns sete meses abri-la, mas não consegui. E é por isso que ontem a noite decidi me mudar, e hoje eu estou de mudança: Já juntei todas as minhas coisas, ou melhor, a falta de amor próprio, os erros, as falas rudes, as traições, tudo que fiz de errado para enfim, partir para outro lar, a fim de repousar minha cabeça e observar as estrelas, lógico, de forma passional.
Confesso não ter procurado um novo lar, contudo, esse me apareceu de repente. O problema é a distância, meio longe. Mas eu gosto de desafios. E prometo te dar valor.

4 comentários:

precisa mesmo? disse...

Aqui, as janelas e as portas estarão abertas. Estrelas, lua, nascer do sol, pôr-do-sol, nuvens...
Tudo pode entrar e invadir, no novo lar.

Fico feliz com esse seu despertar e em participar dele. Você acabou fazendo parte do meu também.
Você "só me dá certeza da nobreza que dá certo".


Lindo o texto, como não podia deixar de ser. Me identifiquei demais com ele.
Gosto de sua escrita... Gosto de você :)

Camilla Dias Domingues disse...

bela analogia, seja lá ao que quis se referir!

Reh.invente disse...

Janelas.
Já achou as portas?
Pela porta voce sai terá um gramado no qual deitara e lá o ceu de estrelas te cobrira durante a fria noite, a lua guardara seus sonhos como um firme soldado.
Quando amanhece e o irradiar do sol te tocar com um beijo de calor verás o quanto livre pode permanecer!

Felipe Braga disse...

Bela analogia mesmo.
Novos ares, portas abertas.
Cara, muito bom.
Comecei a leitura e fui me surpreendendo ao longo do texto.
Abraço.