Quem escreve?
- Amandla Awetú
- Rio, RJ, Brazil
- Moribundo SUBurbano. Estereotipado: bandido, maconheiro e marginal. Escritor, poeta e, portanto, miserável.
domingo, 4 de janeiro de 2015
Na cidade do pecado
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Você, Amazônia...
Sigo sem bússola,
À procura da cura
Enterrada neste solo imenso.
Quão linda é essa terra!
Quão difícil a localização!
Encontrarei em ti,
A solução para seu coração!
Entre tantas feras,
Empenharei meu destino,
À procura da cura
Para seu coração ferido!
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
(21/09/2008)
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Naufrágio!
Voltarei e te perguntarei,
Se após aquela tempestade
Na qual nos perdemos
Um do outro,
Você continuou a me amar
Nalguma ilha deserta!
Não resistirei a esse
Naufrágio!
Estou sozinho e penso em ti,
Aqui
Nessa ilha solitária
Chamada:
Eu!
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Recadinho:
Sempre deixei claro que respeitava, ouvia e te tratava bem, por que gostaria que você fizesse o mesmo. Eu sou um homem livre e gostaria que você fosse uma mulher livre nesse mundo injusto. Eu te amei do fundo do meu coração triste, mas a vida muda drasticamente! Fiz planos, queria ter casado, mesmo sabendo que não tínhamos muito a compartilhar um com o outro.
É triste, mas o amor acabou.
domingo, 21 de agosto de 2011
Posso te fazer uma pergunta?
- bom, isso depende, né...
- sim, depende. Você certamente é apaixonada pela terra, pelo ar, por um monte de coisas e pessoas. Sim, depende. Costumo fazer essa pergunta. A resposta é tão complexa, que dela posso saber boa parte da sua personalidade...ridículo, né?!
- você não quer reformular a pergunta?
-não, não quero reformular a pergunta. Não me interessa saber sobre isso, nesse local, nesse momento.
Segui, com aquele pensamento enquanto tocava com a ponta de meus dedos boa parte do seu corpo, imerso naquele voluptuoso universo de encanto e desencanto. Eu deveria ter lembrado, antes de fazer a pergunta, que no dia em que a conheci, perguntei se tinhas namorado, e a resposta foi: “não quero responder essa pergunta!” eu não lembrei, fiz a pergunta, e nesse momento, tento trazer de volta a atmosfera anterior, de sérios orgasmos e olhares que juravam amor eterno. Não sei se a mim, ou ao sexo que fiz, e estava fazendo, de forma absolutamente fascinante.
Sempre tive boas experiências com as mulheres. Não é que eu seja bom de cama. Talvez até seja isso, embora a negação disso tudo, sirva, exclusivamente, para manter minha humildade no lugar onde ela deve estar: dentro de mim mesmo.
Antes de fazer aquela pergunta, eu deveria ter lembrado o momento no qual afirmei que ligaria durante a semana, a fim de marcar algum programa com você. Se tivesse lembrado, não teria, de forma alguma, duvidado do estado temporário referente ao relacionamento que conservas em algum canto do país. Sim, você tem namorado, e eu não dou à mínima.
Peço-te apenas uma única coisa: não me olhes como se estivesses apaixonada por mim. Um dia eu posso acreditar nisso, sair correndo, ou simplesmente retribuir o que de mais belo existe nessa terra.
(13/07/2009)
terça-feira, 26 de abril de 2011
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Grande mídia vendida -RJ
Alexandre chamou a chefe do jornal, a cumprimentou e comentou sobre o jantar da noite passada, como se fosse seu melhor amigo. Desconfiei. A jornalista responsável pela sabatina me entregou um papel e disse: “essas são as perguntas sugeridas pela redação” desconfiei e tremi. Não pode ser, pensei.
Não fiz as perguntas indicadas, pelo contrário, fui mais ofensivo, como quase todos naquela sala, como o fotógrafo foi, e levou um esporro do secretário: “assim não, bate essa foto direito ou então saio mal na fita. Não quero sair com uma cara de desesperado. Bate assim, sorrindo. Opa, essa ficou ótima! “
No dia seguinte lá estava a maldita matéria, com uma pergunta que eu não fiz. Com uma série de perguntas que ninguém fez, mas estavam lá, atribuídas a pessoas bem intencionadas, atribuídas ao movimento social. Balela, pensei. Jornal vendido, prefeito e governador muito bem articulados.
Tive certeza: a mídia carioca tem blindado todos os capangas do PMDB.
Essa semana, constatamos mais um escândalo na segurança pública do nosso estado. Carlos Oliveira, sub secretário de ordem pública, cargo de confiança da prefeitura do RJ, diga-se, do prefeito Eduardo Paes, acusado de envolvimento com o narcotráfico. E, mais uma vez, a grande mídia blinda o PMDB como um todo. Nada de Paes, nada de Cabral, e o carnaval se aproxima.
Conselho estadual de comunicação? Só se isso aqui virar o Egito!
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Os amigos, os amores, a família, no meio do caminho ficaram. E eu, assim, unido aos que, em sua maioria, não entendem - ou não tem bagagem para entender- continuo caminhando. Contudo, nunca é tarde para voltar, recomeçar da melhor forma possível: caminhar por um caminho já conhecido, com os amores, a família e os amigos.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Sala, copa e cozinha
Por Michel Blanco . 05.11.10 - 17h33
Uma jovem estudante de Direito, desalentada com a vitória da petista Dilma Rousseff, ganhou fama ao clamar no Twitter o afogamento de nordestinos em benefício de São Paulo. O ódio da moça brotou em meio a uma campanha difamatória que irrigou expedientes eleitoreiros. Se na TV o marketing cuidou de dar boa aparência aos candidatos, na internet a coisa foi feia. Levante a mão quem não recebeu um único spam desqualificando os votos da população assistida pelo Bolsa Família. Sobre tal corrente, a psicanalista Maria Rita Kehl disse o que tinha de ser dito – e foi punida por isso. Assim estávamos na campanha…
A xenofobia da estudante paulista, no entanto, não é retrato das tensões do momento. É uma fotografia embolorada, guardada num fundo de armário, agora trazida à tona. Quem triscou fogo nos spams sabia que o ódio fermentava. Bastava uma faísca. Se tiver estômago, pode ler uma coletânea de tweets odientos — e odiosos — no Diga não à Xenofobia. A menina não está só.
A maioria dessas mensagens parte de jovens de mais ou menos 25 anos. O que leva a supor que muitos deem vazão a preconceitos ruminados à hora do jantar em família, da festinha do sobrinho ou do churrasco da faculdade. Está aí boa parte da festejada geração da internet, que confunde vida real com a vida em rede, mas se sente imune às consequências de atos online. Mostram os dentes no Twitter como se estivessem a salvo da luz do dia, como se não fosse dar nada. Mas deu, mano.
A moça que gostaria de afogar um nordestino em São Paulo acabou ela mesma por submergir. Deletou seu perfil ante a repercussão do caso, que lhe rendeu a protocolação de uma notícia-crime pela OAB de Pernambuco no Ministério Público Federal em São Paulo. O escritório de advocacia onde estagiava apressou-se em dizer que ela não despacha mais por lá. O caso foi parar até nas páginas do britânico Telegraph. Vários outros “bacanas” seguiram os passos da menina e desapareceram do Twitter. Talvez arrependidos do um ato impensado, da ausência completa de reflexão ou, mais provável, da ameaça de punição legal. Quem sabe ainda há tempo para deixar as trevas.
Ironicamente, o aguardado uso da internet nas eleições ajudou a liberar o que há de mais retrógrado entre nós (embora o poder transformador da rede esteja muito além disso). Parecemos recuar 50 anos em relação a direitos civis. Houve até o retorno de mortos-vivos, grupos pouco representativos e de triste memória. Não bastasse o proselitismo religioso, a ação das militâncias, oficiais e oficiosas, na internet descambou para baixaria geral. Conhecido o resultado da eleição presidencial, viria o pior: o insulto aos eleitores, desclassificando-os.
Enfim, é uma questão de classe; não de compostura. Uma parte dos jovens que se julgam classe A levantou-se da sala de jantar para reinstaurar a separação da copa e da cozinha, sem se dar conta de que a divisão dos cômodos já não é tão sólida. O que move tanto ódio? Passionalidade do clima eleitoral não é o suficiente.
Nunca na história deste país (tá, essa foi só para provocar) se falou tanto em classes C e D e E. Estão todos os dias na imprensa; chamam atenção pelo crescente poder de consumo. E é a isto que a noção de classes parece se resumir hoje: consumo. Talvez esteja aí a raiva dessa moçada, muito mais identificada com bens do que com valores.
Identificar-se por aquilo que se consome pressupõe um sentimento de exclusividade. “Eu tô dentro e eles, fora”. Uma concepção de vida alimentada e também confrontada pela massificação do consumo. A tensão desponta quando “eles”, os esfarrapados, começam a ter o que “eu” tenho. A exclusividade mingua, e o povão chega chegando, sentando ao seu lado no avião. É preciso descolar novos meios para diferenciar uns dos outros. A desqualificação é um deles.
Um dos legados desta eleição embalada por baixarias é uma tensão que parece escapar da acomodação sobre a imagem construída pelo mito fundador nacional. Descobrimos um pensamento ultra-conservador no Brasil, e ele pôs a cabeça para fora. Seria um exagero, no entanto, dizer que o país está dividido. Mas é igualmente um equívoco considerar que a identidade nacional sai ilesa – por definição, ela é lacunar, ao pressupor a relação com o outro. O que queremos de nós mesmos?
Mas na cabeça dessa moçada raivosa, nada disso seria necessário, e a harmonia se restabeleceria desde que todos estivessem nos lugares “certos”. Assim, estão prontos para experimentar o que consideram desenvolvimento e mal esperam a ocasião para pôr à mesa de alguma congregação do Tea Party uma iguaria nacional: uma saborosa broa de milho feita pela mãos da preta dócil que serve a casa.
em: http://br.news.search.yahoo.com/search/news?p=copa+cozinha&ei=UTF-8&c=
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Eu poderia falhar. Mas eu não tenho falhado em nada.Tenho assumido, de modo consciente, o melhor para o outro, sem, de forma clara, pensar no que, de alguma forma, seria o melhor para mim. Fui, conscientemente, resignado nos momentos de escolha, ou melhor, nos momentos nos quais minha opinião valia a pena ser externalizada.
Eu costumo respeitar a decisão alheia, principalmente quando 10% da deliberação diz respeito a minha pessoa. A partir daí eu reavalio meus conceitos, faço de tudo para readequar minha vida. Confesso: eu tomei a decisão errada desde o princípio, e agora não há como retroceder.
Espero que meus camaradas percebam a importância de uma nova etapa.
Hoje eu estou triste. Mesmo assim vou passar em sala e fazer valer a minha vontade, somente por hoje.
sábado, 11 de setembro de 2010
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Monólogo de Orfeu
Este é um dos trechos mais bonitos do primeiro ato da peça, em que Orfeu sobressalta-se quando Eurídice lhe diz "Até, neguinho. Volto num instante".
Orfeu tem um mau presságio, e pede à amada que não o deixe. Eurídice responde: "Meu neguinho, que bobagem! E' um instantinho só. Volto com a aragem...
Orfeu:
Ai, que agonia que você me deu
Meu amor! que impressão, que pesadelo!
Como se eu te estivesse vendo morta
Longe como uma morta...
Eurídice:
Morta eu estou.
Morta de amor, eu estou; morta e enterrada
Com cruz por cima e tudo!
Orfeu (sorrindo):
Namorada!
Vai bem depressa. Deus te leve. Aqui
Ficam os meus restos a esperar por ti
Que dás vida!
(Eurídice atira-lhe um beijo e sai).
Mulher mais adorada!
Agora que não estás, deixa que rompa
O meu peito em soluços! Te enrustiste
Em minha vida; e cada hora que passa
E' mais porque te amar, a hora derrama
O seu óleo de amor, em mim, amada...
E sabes de uma coisa? cada vez
Que o sofrimento vem, essa saudade
De estar perto, se longe, ou estar mais perto
Se perto, - que é que eu sei! essa agonia
De viver fraco, o peito extravasado
O mel correndo; essa incapacidade
De me sentir mais eu, Orfeu; tudo isso
Que é bem capaz de confundir o espírito
De um homem - nada disso tem importância
Quando tu chegas com essa charla antiga
Esse contentamento, essa harmonia
Esse corpo! e me dizes essas coisas
Que me dão essa fôrça, essa coragem
Esse orgulho de rei. Ah, minha Eurídice
Meu verso, meu silêncio, minha música!
Nunca fujas de mim! sem ti sou nada
Sou coisa sem razão, jogada, sou
Pedra rolada. Orfeu menos Eurídice...
Coisa incompreensível! A existência
Sem ti é como olhar para um relógio
Só com o ponteiro dos minutos. Tu
És a hora, és o que dá sentido
E direção ao tempo, minha amiga
Mais querida! Qual mãe, qual pai, qual nada!
A beleza da vida és tu, amada
Milhões amada! Ah! criatura! quem
Poderia pensar que Orfeu: Orfeu
Cujo violão é a vida da cidade
E cuja fala, como o vento à flor
Despetala as mulheres - que êle, Orfeu
Ficasse assim rendido aos teus encantos!
Mulata, pele escura, dente branco
Vai teu caminho que eu vou te seguindo
No pensamento e aqui me deixo rente
Quando voltares, pela lua cheia
Para os braços sem fim do teu amigo!
Vai tua vida, pássaro contente
Vai tua vida que eu estarei contigo!
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Alugam-se jovens desiludidos. Procurar o Globo
O Globo de hoje publica um artigo intitulado Jovem e desiludido. É mais uma xaropada para falar mal do Lula, da UNE e do movimento estudantil. O texto escamoteia uma verdade simples: uma das razões da suposta “desilusão” dos jovens é justamente o tratamento mesquinho, criminalizante, enfadonho, que a mídia dá à política. A mídia, como sempre, analisa um fenômeno sociológico como se ela, a mídia, não fosse um dos protagonistas do fenômeno.
Mas foi legal ler essa matéria para me deparar com aquele grupinho de estudantes que eu citei no post anterior, a Nova Organização Voluntária Estudantil, a Nove, formada, segundo o Globo, por estudantes que se uniram em 2009 para protestar contra o Enem e permaneceram como grupo estudantil “apartidário”.
Vamos comentar esse trecho da matéria:
(…) Bernardo Ainbinder, de 19 anos, diz que a desilusão vem de casa, “porque ouvimos desde pequeno, em casa e no colégio, que político é tudo igual”. A própria Nove pode ser exemplo do pouco interesse dos jovens: se ela teve 50 fundadores, hoje conta com oito membros.
- Muitos passaram a não ter mais tempo, ou viram que o grupo ainda precisava amadurecer, mas também houve saída por desinteresse – diz Ainbinder, aluno de relações internacionais da UFRJ, que também critica as entidades estudantis e as alas jovens dos partidos: – Embora esteja no estatuto dessas entidades que elas são apartidárias, o que a gente vê são “estudantes profissionais”, presidentes da UNE que saem para serem políticos, e um atrelamento ao governo.
A Ubes não atua. Perguntei na minha turma quem a conhecia, e só dois, de 60, levantaram a mão. A juventude dos partidos também não é atuante. Não há crítica ao programa do partido.
Repare que ele menciona a desilusão que “vem de casa”. Ou seja, esses jovens são filhos de uma classe média que vem sofrendo, há anos, uma lavagem cerebral promovida pelo jornal Globo (no caso dos fluminenses & cariocas). Não esqueçamos que, um dia após o golpe de Estado de 1964, houve uma passeata em Copacabana e Ipanema para comemorar e apoiar os militares. O jovem Ainbinder, em vez de aproveitar o espaço concedido pelo Globo, para se insurgir contra essa negatividade reacionária de seus pais, usa-o para reforçar os preconceitos contra a política, contra partidos, contra ideologias, contra o governo Lula.
Se tem pouca gente que conhece a Ubes, a culpa também é do Globo, porque as pessoas so conhecem aquilo que vêem na mídia.
Não estou botando a culpa de TUDO no Globo, um jornal reacionário e golpista, mas competente no que faz; não dá, no entanto, para suportar calado o Globo meter o malho nas entidades estudantis. Repare que ele faz uma matéria sobre a UNE e a UBES, mas não entrevista nenhum representante dessas entidades. Não, ele prefere entrevistar um integrante da “Nove”, uma entidade que segundo o próprio Ainbinder tem hoje apenas OITO membros. Nem a mais radical célula revolucionária situada no interior da floresta amazônica é tão diminuta. A UNE e a UBES representam milhões de estudantes. Promovem congressos, debates, passeatas. Obtiveram grandes vitórias políticas este ano, como a aprovação de 50% da verba do pré-sal para a Educação e o Estatuto do Jovem. Tem combatido com relativo sucesso pela manutenção da meia-passagem, benefício que os governos estão sempre tentando tirar dos estudantes. Enfim, a gente luta de verdade, na praça, com o povo. Não é a totalidade dos estudantes? E daí? É assim mesmo. Ingenuidade achar que, a esta altura do campeonato, teremos percentuais gigantescos de participação política entre os estudantes. Não dá para comparar o movimento estudantil de hoje com os anos 60, quando havia toda aquela atmosfera de revolução cultural, sexual, política. Hoje as coisas estão mais calmas. Além disso, a maioria dos jovens está muito empobrecida financeiramente; sua preocupação maior é como sobreviver no futuro próximo. Essa é uma de nossas frentes de luta. Geração de estágios, empregos e bolsas para os jovens poderem respirar, estudar, divertir-se.
São poucos os jovens que se envolvem no movimento estudantil? Sim, são poucos se pensarmos em termos percentuais. Mas não são OITO. São milhares, só no Rio.
Outra coisa: é natural, na minha opinião, que o jovem engajado nas lutas do movimento estudantil se alie a partidos políticos. Qual o problema? Faz parte do processo de politização. Não vivemos numa democracia representativa? Quanto ao atrelamento ao governo, a fala de Ainbinder é típica de um jovem alienado que só lê O Globo. Os estudantes se alinham ao governo quando acham que assim devem fazê-lo, e cobram uma contrapartida política. O governo Lula está dando essa contrapartida. Ajudou a UNE em diversas frentes, deu ganho de causa a ela para recuperar sua sede, tem conversado com as lideranças estudantis e acatado muitas de suas propostas. Enfim, os estudantis apóiam ou desapóiam quem eles quiserem, segundo suas consciências e seu bom senso. Não é o Globo que manda na opinião dos estudantes!
De http://www.falafera.net/site/
terça-feira, 20 de julho de 2010
Banho de Sinceridade
Vou passar essa noite consultando meus livros de filosofia, e os de psicanálise também, a fim de descobrir qualquer significado de amor cuja tônica não esteja relacionada a qualquer tipo de dor. Assim que encontrar, e hei de encontrar, é óbvio. Vou copiar, recortar e carregar na carteira, para ler sempre que algum infortúnio, de qualquer grandeza, venha me descontrolar.
Vou, amanhã pela manhã, consultar qualquer mãe ou pai de Santo, pra que esses me expliquem o motivo pelo qual fracasso em quase tudo, e pra além disso, o motivo pelo qual, depois de ter estragado tudo, me empenho a fim de reparar também tudo. Vou, também amanhã, procurar meus amigos, perguntar-lhes se sou um homem sincero e humilde e amigo pelo qual vale a pena morrer, ou pelo menos se atracar com qualquer gigante. Vou, na parte da noite, ligar para todas as mulheres que magoei direta ou indiretamente. Não vou pedir desculpas, isso eu sempre faço. Eu vou, depois de ter lido muito e consultado meus orixás, explicar porque tenho sido um merda, quase sempre.
Vou conversar pessoalmente com as pessoas que me deram chances extraordinárias de emprego, pesquisa, estágio e intercâmbio, e explicar o motivo pelo qual não fiz nada correto, e porque não aceitei os convites.
Vou dançar Salsa com minha mãe e beijar o rosto do meu pai, de modo que ele possa perceber que todos esses anos sem beijo e sem “eu te amo”, culminaram nesse beijo no rosto.
Vou avisar todas as mulheres que me paqueram e, que projetam qualquer tipo de futuro comigo, que já sou apaixonado, já choro por alguém, já quero casar e ter filhos com alguém, já tenho alguém que me completa dentro e fora da cama, e que só vou ficar com elas, se for pra suprir todas as vontades reprimidas durante muito tempo de namoro. Quero dizer que não tenho namorada, e isso nada tem a ver com o fato de estar apaixonado. Eu gosto de me apaixonar e por isso o desamor é tão doloroso assim.
Nem sempre serei o homem pelo qual vocês se apaixonaram.Eu não valho a pena!
Não me liguem mais.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Política de segurança e criminalização da pobreza

O objetivo desse artigo, antes de elaborar qualquer proposta de política de segurança pública para o estado do Rio de Janeiro, até por que inúmeros personagens já se debruçaram nessa tarefa e sem dúvida, há de se esperar que essa seja uma tarefa árdua e extensa, tenho como objetivo analisar e apresentar o cenário atual das políticas públicas de segurança pública do estado.
Acredito que seis pontos merecem atenção especial, justamente por que estão seriamente ligados, sob o meu ponto de vista. Os muros nas favelas, as UPP`s, a criminalização da cultura popular e o choque de ordem, são os pontos sobre os quais pretendo discorrer nesse artigo.
Os muros nas favelas
Sob o argumento da proteção ambiental, treze comunidades, onze delas localizadas na zona sul da cidade do rio de janeiro, serão cercadas por muros de 3,4 metros de altura, em média. É mais que óbvio para todos, a importância que proteger a mata atlântica tem nos dias atuais. É claro que o poder público deve se apropriar dessa pauta, a fim de resolver problemáticas como as do desmatamento. Entretanto, ao analisarmos a eficácia e a legitimidade desse projeto, podem-se concluir alguns equívocos, que contribuem para a formação de limites sociais, e não ecológicos.
Tomando como referência a formação desses limites sociais, pode-se aferir a exasperação dos conflitos entre os moradores dessas comunidades e os moradores de classe média, já que a sensação de “segurança” é relacionada diretamente à construção do muro, que por sua vez, pode aprofundar diversos estigmas que são projetados à população das favelas.
Quando um muro é construído para separar pessoas, nenhuma outra questão está colocada, a não ser a produção de segregação social e espacial.
Não podemos esquecer as políticas de sanitarização do século 19, que contribuíram para a visão da pobreza como doença, sujeira e outras coisas mais. Essas políticas, além de moverem os moradores de baixa renda para locais distantes, no caso os subúrbios, estão diretamente relacionadas ao empreendedorismo imobiliário cujo público alvo era as elites emergentes.
A inquietação com o crescimento das favelas deve ter como centro o combate à pobreza, o acesso a direitos e uma política habitacional adequada. Não deve, de forma alguma, ser tratada de forma imediatista, expressando assim, o caráter eleitoreiro de nossas políticas públicas. Além do mais, todas as pesquisas relacionadas ao tema, nunca contam com a participação de associações de moradores e plebiscitos que são realizados nas comunidades.
Os outros pontos serão apresentados de forma separada e freqüente.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Sobre educação e políticas de ação afirmativa.
No ano de 1999, em uma das universidades mais elitistas do país, um caso de racismo abalou a comunidade universitária: O famoso caso Ari.
Ari era estudante de antropologia da UNB, departamento que na época tinha um programa de Doutorado, que em 20 anos de existência, nunca tinha admitido um estudante negro. Ari foi o primeiro, e, além disso, logo no primeiro semestre, ele fez duas matérias e obteve nota máxima nas duas. Entretanto, no início de agosto, o mesmo procura alguns professores e afirma ter sido reprovado na matéria obrigatória, que coincidentemente, nunca tinha reprovado estudante algum em 20 anos. O professor responsável pela reprovação afirmou que, se Ari Lima tentasse revisão de nota, seria reprovado novamente. Engraçado, o responsável pela reprovação não conseguia, de forma alguma, sustentar academicamente os motivos pelos quais tinha reprovado o estudante negro.
Até então, era comum a não existência de estudantes negros na universidade e mais comum ainda, a inexistência do debate sobre cotas e políticas de ação afirmativa na Universidade de Brasília.
Bem verdade, que essa não é a realidade apenas da UNB, e sim das universidades brasileiras. Se nossa sociedade é racista, esse, sem dúvida, se expressa em todas as esferas desse país. Sinal de que a universidade brasileira não está à cima do bem e do mal, pelo contrário, é o espaço no qual o debate sobre o racismo se dá da forma mais velada possível, por conta de algumas questões básicas.
Sabe-se hoje, que racismo é crime, que “brincadeiras” de cunho racista reproduzem idéias discriminatórias e mais ainda, que o racismo é um crime imprescritível. Todos, dentro da universidade, sabem disso, e afirmo tal suposição por que é na universidade que se encontra a elite da intelectualidade brasileira, portanto, o setor da sociedade que possui maiores informações sobre leis, etc.
Nunca vi, dentro das dezenas de universidades nas quais participo de movimento estudantil e muito menos na universidade que estudei durante três anos, qualquer manifestação aberta de racismo. Nesses espaços, o mais importante é deixar o debate de lado, e naturalizarmos a inexistência de negros nesses espaços. Isso é o que a elite racista quer, entretanto, não o que os movimentos sociais comprometidos com a luta anti-racista almejam.
Na perspectiva de desconstrução de alguns argumentos anti-cotas, destaco dois assuntos, que sob meu ponto de vista, são os que ainda permanecem na retórica, tanto de racistas, como Demétrio Magnoli e Roberta Fragoso Kaufman, como de progressistas, que ainda permanecem recuados quando o debate permeia a reserva de vagas para negros.
Há algum tempo, em 2003 mais precisamente, alguns argumentos demasiadamente conservadores faziam sentido no plano das idéias, como o da diminuição da qualidade do ensino com a entrada de estudantes oriundos de escola pública, negros e indígenas, justamente por que esses precisavam tirar menores notas que a maioria, para ingressarem na universidade. Esse argumento caiu por terra, em decorrência de algumas pesquisas, principalmente na UERJ, primeira universidade brasileira a adotar a reserva de vagas.
O que mais me preocupa não são os argumentos conservadores, e sim os argumentos travestidos de progressistas, que geralmente não levam em consideração a história do nosso país, e principalmente o desassossego que a entrada de negros na universidade, causa nesses indivíduos.
Foram mais de 300 anos de escravidão, os africanos no Brasil foram obrigados a mudar de nome, esquecer seu passado, sua religião e várias outras mazelas que estamos cansados de saber, aqui... Isso não importa. O mais importante é avaliar o período pós-abolicionista, no qual negros livres não tiveram chance de serem integrados a sociedade, pelo contrário, algumas políticas de estado segregaram ainda mais esse seguimento.
Quem não se lembra da lei da vadiagem, que criminalizava a desolação ou o perambular, e era geralmente aplicada a homens negros? Quem não se lembra dos motivos pelos quais não se tinha uma educação básica em horário noturno? A argumentação era clara: vai servir de local para vadios se reunirem. Enfim, quem não se lembra da política de imigração, incentivada pelo governo, e que previa distribuição de terras, trabalho e proteção especial aos imigrantes, no caso, cerca de 1,5 milhão? São fatos da nossa história, negados e sabemos muito bem os motivos para tal.
Um dia desses, uma pixação apareceu nas dependências da UERJ: “fora pretos, esse não é o lugar de vocês!”. Alguns setores que defendem o sistema de cotas para negros preferem não comentar o fato, negar que hostilidades ocorrem dentro das universidades brasileiras, justamente por que acreditam que dar visibilidade as ocorrências, é o mesmo que contribuir para que a reserva de vagas seja negada em determinados espaços, sob o argumento de incitar o ódio racial. Algumas considerações merecem ser feitas, e faço isso por que discordo do posicionamento desses setores que defendem as cotas.
Como colocado mais à cima, a sociedade brasileira é racista, óbvio. Em todas as esferas, esse preconceito se materializa. Não seria então, o sistema de cotas, uma maneira para que o tema racial seja discutido nas universidades?Tenho pra mim, que se combate o racismo discutindo o mesmo, e dar visibilidade a hostilidades como essa, que aconteceu na UERJ, nada mais é que desvelar o que toda nossa bibliografia demonstra ser velado, e não nego.
Sobre o debate de cotas na UFRJ.
É deveras importante fazer o debate amplo sobre educação, isso é claro, principalmente pra quem faz movimento estudantil e tem como prioridade pensar a educação brasileira. Entretanto, em alguns espaços nos quais se discute o sistema de cotas, a amplitude da discussão sobre democratização do acesso à universidade invisibiliza algumas questões de demasiada importância para a universidade. Tomemos como referência a universidade cujo papel principal é formar opinião, sendo que nesse espaço forma-se a intelectualidade brasileira.
O debate que se propõe na universidade é sim o da implementação do sistema de cotas, ou seja, a forma como o sistema será ou não implementado na universidade. Nenhum outro debate, embora eu reconheça a importância e a essência de ser discutido, pode, de forma alguma, ser tratado de forma prioritária no conselho universitário, ou em qualquer outro espaço. Faço essa avaliação por que observo que a reserva de vagas pode não ser aprovada na UFRJ, que de fato é um dos espaços mais elitistas do país.
Trazer à luz todas as questões que envolvem a reserva de vagas para negros, além de ser uma forma de colocar pra dentro da universidade um tema que tem sido negado desde a sua fundação: o racismo na sociedade brasileira, pode ser também um motivo para pensarmos outra sociedade, mais justa e igualitária, pautada no movimento da nossa história, que é, sem dúvida a luta de classes. E vale ressaltar, o racismo nada mais é que um instrumento do capitalismo.
domingo, 2 de maio de 2010
Uma nova proposta para o Blog
Digo grande, por que atingem a maior parte da população do país. Coloco entre aspas, por que acredito que tudo que é grande, ou melhor, atinge a maior parte dos brasileiros, deve ser democratizado, ou então se torna pequeno, por que não representa a totalidade da diversidade cultural, que é nosso grande orgulho nacional.
Por mais confuso que possa ter parecido o parágrafo à cima, reitero que os meios de comunicação como rádio, TV e jornais impressos, permanecem sob controle de dez famílias ou menos. Sim, isso mesmo, famílias! Como nos filmes sobre máfia ou sobre o século XX, no nordeste brasileiro- só para balizar.
Por conta disso, e de outras coisas mais, mudei a cara do blog, que por muito tempo permaneceu como muro de lamentações de uma pessoa apaixonada, raivosa e eloqüente.
Isso não quer dizer que deixei minhas características, que com tanto ardor e sofrimento cultivei, tenham ficado de lado. Pelo contrário, ao longo desse espaço, serão expostas como nunca antes, nesse blog. Pretendo apenas fazer uma discussão mais séria sobre temos mais sérios ainda. Espero que meus seguidores gostem do que lerão daqui pra frente. Eu estou animado com a proposta!
sexta-feira, 19 de março de 2010
terça-feira, 16 de março de 2010
Carta às mulheres da minha vida presente
Antes de tudo que está por vir aqui nesse texto, trago à luz que não foi minha intenção fazer com que qualquer uma de vocês se apaixonasse por mim. Pelo contrário, sempre tive pudor ao usar palavras como: “te amo!” ou “você namoraria comigo?”. Eu nunca mentiria para vocês.
Tenho em mim a sensação eterna de que meu jeito desmedido ao ser carinhoso ou compreensivo vem de relações passadas. Ou melhor, de uma relação passada, e, como vocês bem sabem, duradoura. Nessa relação eu não era metade do que sou agora, não compreendia metade do que compreendo agora. Era tão machista quanto não sou agora. E deve ser por isso que escrevo essa carta, nesse momento.
Todas vocês já amaram um dia. Algumas de vocês, ou melhor, a maior parte de vocês, ainda tem o coração ligado ao passado, e talvez por isso procurem em mim qualquer consolo não machista e sincero. É dessa forma, que tenho certeza: vocês me entenderão muito bem.
Não! Não é certo. Não estou namorando nem nada do tipo. Apenas sou apaixonado pelo passado, ou melhor e mais claro, sou apaixonado por uma pessoa que fez parte do meu passado recente, e essa pessoa, apaixonada por mim. Entretanto, não sei se essa pessoa é apaixonada pelo que sou no presente, ou pelo que fui no passado. Simplesmente não sei, e escrevo essa carta para notificá-las que pretendo saber.
quarta-feira, 3 de março de 2010
Recadinho
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Ganhei um abraço apertado. Não ganhei olhares, toques ou palavras carinhosas. E estranhei, e mudei, e minha intenção se colocou atrás das intenções não planejadas. Eu fiquei calado. Confesso: imaturidade minha. Sempre foi assim, eu nunca soube tratar situações que se colocam fora do script, na última hora. Calei, sentei, observei o visual. Eu gostei dela durante alguns minutos de conversa, mas não deixei de contemplá-la, somente por que estavas bela ou por que esperava a verdade, que um tempinho depois elucidaria semanas sem contato e os pés e o corpo todo, mergulhados em realidade.
Nem um beijo.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Alguma coisa sobre o amor perdido e a madrugda
É verdade, não nos amamos mais. E talvez por isso digas: “vou te amar para sempre”, por que quando se ama e se está longe e separado, tais palavras só servem para silenciar o peito que ainda lateja de saudade.
Não posso ter o direito de te pedir nada. O tempo já se encarregou disso, embora nenhuma palavra tenha sido jogada ao vento, que sempre e nunca, aponta para sua direção. Mesmo assim insisto: não digas que me amará para sempre, porque o que sentiamos, entre eu e você jamais será sentido. Mas entre você e os seus, permanece acessa a chama de qualquer tipo de paixão.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Eu não levanto e festejo por que não tenho motivos para tal. Seria no mínimo incoerente, festejar mais um ano de vida sem assinar o artigo 16 do código penal ou sem decepcionar meus pais que tanto me ajudam, embora seja difícil o apoio dos mesmos para quase tudo que faço por vontade própria.
Seria incoerente levantar a cabeça e festejar. Por que em dia de aniversário, se comemora o que foi e o que não foi; o que aconteceu e o que deixou de acontecer. Entretanto, no meu mundo, nada aconteceu e nada deixou de acontecer; nada foi e nada deixou de ir.
Por isso, e por tantas outras coisas, não me chamem, porque não vou levantar e comemorar.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Projeto de Meia Passagem para estudantes universitários é arquivado em pleno recesso, na Câmara Municipal do Rio de janeiro.
Os estudantes que participaram das manifestações pela meia passagem, os que não participaram mas apoiaram, e todos os outros estudantes que seriam auxiliados pelo PL 492/2009 querem saber o motivo pelo qual o projeto, que foi debatido em mais de 7 universidades, não chegou a ser discutido pelos 51 vereadores que atuam na CMRJ. Para além disso, queremos saber o motivo pelo qual os representantes das comissões de Justiça, Administração, Educação, Transporte e de Finanças, se posicionaram contrários ao mérito.
De acordo com a matéria do JBonline, esses parlamentares foram contrários, alegando que o dever do município é atentar para a educação fundamental e não para o ensino superior. Propomos a esses parlamentares os seguintes questionamentos:
- se mais estudantes universitários conseguirem se formar, qual cidade mais vai se beneficiar com isso?
- a meia passagem já é realidade em 17 capitais desse País, em nenhuma dessas esse argumento foi usado, por que no Rio de Janeiro esse argumento é válido?
- estamos passando por um crescente processo de democratização do acesso ao ensino superior, principalmente por conta do PROUNI. Por qual motivo, a democratização da permanência nem chega a ser debatida pelo poder público?
Saiba quais vereadores votaram contra o PL 492/2009:
* Jorge Pereira (PTdoB), Paulo Messina (PV), Elton Babú (PT), Nereide Pedregal (PDT), Vera Lins (PP), Marcelo Piui (PHS), Luiz Carlos Ramos, Renato Moura (PTC),Professor Uóston (PMDB) e S.Ferraz (PMDB).
À parte esses parlamentares que votaram contra, uma frente em defesa da meia passagem está sendo formada na CMRJ. De ínicio, constituem essa frente os vereadores Paulo Pinheiro (PPS), Stepan Nercessian (PPS), Clarissa Garotinho (PR), Reimont (PT) e Roberto Monteiro (PCdoB).
Saiba mais sobre a Campanha da Meia Passagem em http://www.ueerio.blogspot.com
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
domingo, 8 de novembro de 2009
Trancaram a janela do lugar no qual eu mais me identificava. Disseram-me que a mesma foi trancada sem a minha permissão, entretanto, por minha causa, por conseqüência dos meus atos, das minhas falas, dos meus descuidos, da minha falta de amor ao que, de certa forma, se colocava do lado de fora da janela, ou do lado de dentro, aí depende do referencial. Eu chorei, quando percebi a veracidade da fala que me acusava, da fala que me lembrava das minhas falas, dos meus atos, dos meus descuidos. Eu chorei, quando olhei para o lado, com a cabeça no travesseiro e já não via as estrelas, do lado de fora da janela. Amanheci como não tinha amanhecido nenhum dia antes de terem trancado a janela, porque o sol já não me acordava, como antes. E então perdi as horas, perdi os empregos, os estágios, cheguei atrasado nas reuniões com as empresas, os políticos, as mulheres que me queriam despido ou simplesmente falante. Eu sou o culpado, porque a janela sempre esteve ali e eu não dei valor a ela, não observei a importância dela.
A janela hoje tem vontade própria, permanece fechada para mim, mas não para os que olham de fora para dentro. De um tempo para cá, aliás, tentei durante uns sete meses abri-la, mas não consegui. E é por isso que ontem a noite decidi me mudar, e hoje eu estou de mudança: Já juntei todas as minhas coisas, ou melhor, a falta de amor próprio, os erros, as falas rudes, as traições, tudo que fiz de errado para enfim, partir para outro lar, a fim de repousar minha cabeça e observar as estrelas, lógico, de forma passional.
Confesso não ter procurado um novo lar, contudo, esse me apareceu de repente. O problema é a distância, meio longe. Mas eu gosto de desafios. E prometo te dar valor.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
(comentem, ou então imagino que estou a falar com o vento)
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Banho de Sinceridade
Vou, amanhã pela manhã, consultar qualquer mãe ou pai de Santo, pra que esses me expliquem o motivo pelo qual fracasso em quase tudo, e pra além disso, o motivo pelo qual, depois de ter estragado tudo, me empenho a fim de reparar também tudo. Vou, também amanhã, procurar meus amigos, perguntar-lhes se sou um homem sincero e humilde e amigo pelo qual vale a pena morrer, ou pelo menos se atracar com qualquer gigante. Vou, na parte da noite, ligar para todas as mulheres que magoei direta ou indiretamente. Não vou pedir desculpas, isso eu sempre faço. Eu vou, depois de ter lido muito e consultado meus orixás, explicar porque tenho sido um merda, quase sempre.
Vou conversar pessoalmente com as pessoas que me deram chances extraordinárias de emprego, pesquisa, estágio e intercâmbio, e explicar o motivo pelo qual não fiz nada correto, e porque não aceitei os convites.
Vou dançar Salsa com minha mãe e beijar o rosto do meu pai, de modo que ele possa perceber que todos esses anos sem beijo e sem “eu te amo”, culminaram nesse beijo no rosto.
Vou avisar todas as mulheres que me paqueram e, que projetam qualquer tipo de futuro comigo, que já sou apaixonado, já choro por alguém, já quero casar e ter filhos com alguém, já tenho alguém que me completa dentro e fora da cama, e que só vou ficar com elas, se for pra suprir todas as vontades reprimidas durante muito tempo de namoro. Quero dizer que não tenho namorada, e isso nada tem a ver com o fato de estar apaixonado. Eu gosto de me apaixonar e por isso o desamor é tão doloroso assim.
Nem sempre serei o homem pelo qual vocês se apaixonaram.Eu não valho a pena!
Não me liguem mais.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Nunca pensei que pudesse o homem sentir tanta saudade.
Dizem que a palavra não existe em nenhum outro idioma...
mas eu conheço o seu significado.
A alma procura a outra na velocidade do desatino.
Não há lugar senão para a busca.
Nenhuma satisfação que não seja o encontro.
Nenhum engano possível.
A alma sabe exatamente qual a outra é.
É aquela.
Em tudo maravilha, encontrada seria uma.
Um eterno abraço.
Por que não cala o trovão da mente?
Por que não seca a lágrima da obsessão?
Por que não cessa esta falta que enfraquece?
Essa dor que apenas cresce.
Porque não fecha o peito ardente.
Demente.
Ouve o abismo presente, ouve o ruido dos passos...
Então cai eternamente.
Eu não sei se é verdade que de saudade também se morre mas, é melhor morrer do que sentir saudade.
Domingos de Oliveira.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Do capeta e de outros demônios.
Não sei não, porque isso tem sido dito muito, ultimamente. Se eu bebo duas cervejas, dez, estou com o capeta. Se não tenho esposa, mas transo, estou com o capeta. Várias, determinadas situações, estou com o capeta. Você está com o capeta se não quer ter uma vida abastada, prefere fazer escolhas que o façam sentir-se bem, você está com o capeta, o capeta da mesquinharia, da falta de honra.
Ando cheio deles, dos capetas. Até por que sob esse ponto de vista, reduzido, pequeno e localizado no primeiro degrau no entendimento, o que faça não é nada maior do feito por vocês.
Eu não quero riqueza enquanto mil dos meus estão cada vez mais pobres, por causa disso. Inclusive seus fiéis, todos eles. Todo mundo com o capeta, por que eles, também bebem, fumam, cheiram, transam o dia inteiro. Justamente pela situação de serem por vocês, explorados. E explorados da forma mais baixa possível, pela sensibilidade e dúvida do que serão e para onde irão, assim que morrerem, só querem uma vida melhor.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Conheci uma mulher, que devia ter lá os seus 43 anos de idade. Olhos tristes e fala mansa. É uma mãe de Santo, filha de odé, caçador, conhecedor e amável também. Me identifiquei na hora, enfim, também sou de odé, e a gente vai aprendendo a se amar, com o tempo.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
1- Vamos noivar?
2- Deixa eu massagear seus pés?
3- Vamos foder o dia inteiro?
4- Vamos aprender a dançar qualquer dança, juntos?
5- Vamos morar juntos?
6- Vamos, juntos, falar bem de tudo que o outro faz?
7- Vamos foder o dia inteiro?
8- Deixa eu te colocar pra dormir?
9- Vamos ser felizes, pra que todos que estejam a nossa volta, sejam felizes também?
10- Vamos foder o dia inteiro?
Adaptado de Domingos Oliveira em "Separações".